O coronavírus acelerou o fim de um ciclo econômico. Os sistemas que construímos: políticos, econômicos, sociais, jurídicos, de saúde e educação terão de se adaptar a uma nova realidade. Os problemas inerentes ao momento, como a destruição de empregos, a gigantesca disparidade de renda e o crescente déficit público dos países – potencializaram-se pela abrupta freada da economia. É inaceitável perder tempo com ilusões de que o mundo será o mesmo, como afirma o presidente brasileiro ao conclamar o fim da quarentena.
O coronavirus já causou um dos maiores estragos socio-econômicos nos Estados Unidos. Na semana passada, 6,8 milhões de americanos recorreram ao seguro-desemprego. Trata-se do maior número recorde de desempregados na história dos Estados Unidos. Está cada vez mais distante a ideia de uma possível recuperação da economia no mundo no segundo semestre.
Baixo crescimento e desemprego no Brasil
No Brasil, antes da crise do coronavírus, a economia brasileira já se encontrava numa situação precária. Além de registrar uma taxa de crescimento irrisório do PIB de apenas 1,1% em 2019, o Brasil já colecionava um número recorde de desempregados (13 milhões de pessoas) e de trabalhadores subutilizados (26 milhões de brasileiros). A crise econômica mundial desencadeada pelo coronavírus aprofundou os dois problemas crônicos do país: baixo crescimento e alto desemprego.
Medidas insuficientes e postura equivocada
O governo buscou atenuar os efeitos da paralisia da economia apresentando um pacote de 600 bilhões de reais para garantir renda para os desempregados e estímulos para pequenas e medias empresas não demitirem os trabalhadores. Apesar de necessárias, tais medidas são insuficientes para conter a sangria os impactos da economia global. Mas Bolsonaro continua a dobrar a aposta numa saída equivocada: o fim da quarentena e da rápida retomada da atividade econômica.
A desconhecida nova realidade
O coronavírus acelerou o fim a um ciclo econômico. O mundo terá de se adaptar a uma nova realidade que ainda desconhecemos. Os problemas latentes que já existiam antes da crise – como a destruição de empregos, a gigantesca disparidade de renda e o crescente déficit público dos países – somaram-se aos problemas da abrupta freada da economia.
Nesse momento em que todos nós navegamos em águas desconhecidas, é inaceitável perdemos tempo com ilusões de que o mundo será como era antes da crise, como afirma o presidente brasileiro ao conclamar o fim da quarentena. A crise já demonstrou que será justamente a união, cooperação e a troca de conhecimento, dados e ideias que impulsionará uma nova onda de inovação, experimentos e também de erros e acertos que vão colocar o mundo novamente no caminho do crescimento e da prosperidade econômica.