Enquanto 15 países asiáticos esquecem rivalidades políticas para criar o maior bloco comercial do planeta, o RCEP (Parceria Econômica Abrangente Regional), o Brasil vive no binômio populismo- nacionalismo que mantém o País cada vez mais isolado dos mercados globais.
Nesse último domingo, os principais países asiáticos assinaram um acordo de livre comércio, criando um mercado livre que engloba 29% do PIB mundial.
Enquanto o populismo dissemina rivalidades políticas e econômicas no Ocidente, a Ásia deixa de lado suas rivalidades políticas para se unir em torno da criação de um mercado comum. Japão, China, Coreia do Sul, Brunei, Cambodia, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Austrália e Nova Zelândia fazem parte do novo bloco econômico.
Índia fica ausente
A Índia é a grande ausente do tratado. Governada por um populista, Narendra Modi retirou o país das tratativas do acordo porque temia uma enxurrada de produtos chineses na Índia. Sua visão míope e nacionalista está alinhada com populistas do Ocidente, que preferem ignorar a realidade dos benefícios do livre comércio e da globalização e se iludir com o poder do protecionismo e do nacionalismo para blindar suas economias e preservar as empresas nacionais.
Brasil permanece fechado
O Brasil é o exemplo perfeito desse disparate. Somos uma das economias mais fechadas do mundo. Nossa participação não representa sequer 2% do comércio global; exportamos menos do que a ilha de Taiwan.
O protecionismo econômico arruinou a capacidade das empresas brasileiras competirem globalmente, contribuiu para a queda da produtividade econômica e impediu que o País participasse das cadeias globais de valor.
Durante o governo Temer, ensaiamos participar novamente do comércio global, buscando assinar um tratado de livre comércio entre o Mercosul e a Comunidade Europeia. Mas antes da assinatura do acordo, o Brasil passou a ser governado por Bolsonaro e sua errática política ambiental, que serviu de desculpa para os europeus não assinarem o acordo. O resultado da combinação entre populismo e nacionalismo econômico é desastroso para o Brasil: somos um país isolado dos mercados globais. Perdemos a oportunidade de assinar o tratado de livre comércio das Américas nos anos 90; desperdiçamos a chance de assinar o tratado de livre comércio com a Europa e, evidentemente, não vamos participar do tratado de livre comércio da Asia. Assim, os mercados globais vão se fechando para o Brasil, restando-nos apenas ser exportadores de produtos agrícolas e de minério. É o preço que pagamos por nossas idiossincrasias nacionalistas e populistas.