Quando o presidente da República não sabe o que fazer, ele inventa uma polêmica para desviar a atenção da discussão dos reais problemas. Ao criar caso com jornalistas sobre perguntas legítimas que endereçam o recebimento de recursos duvidosos da primeira-dama, Bolsonaro busca alimentar o noticiário e as redes sociais com polêmicas para camuflar sua incapacidade de governar o País.
O presidente pretende lançar o programa de Renda Básica, mas não sabe como financia-lo sem aprofundar a dívida pública. O programa Renda Mínima deveria servir como um ótimo exercício para o governo encerrar programas sociais ineficientes, criar critérios objetivos de avaliação de desempenho de programas assistenciais e aproveitar as virtudes do Bolsa Família (como a desintermediação política da distribuição do benefício) para desenhar um programa de Renda Básica que possa beneficiar os mais pobres sem comprometer a solvência do País. Ao invés de buscar soluções concretas para um programa de Renda Básica sustentável, o presidente prefere agredir jornalistas.
Bolsonaro quer desonerar a folha de pagamento, mas não sabe como financia-la; por isso, recorre ao caminho errado: pretende criar um novo imposto, como a CPMF. Aumentar impostos é como tirar o último suspiro de ar de um país sufocado pela pior recessão da história, acabar com o oxigênio de empresas privadas, que lutam para sobreviver e aprofundar o sofrimento de mais de 40 milhões de brasileiros sem emprego no País. Ao invés de endereçar esses problemas, o presidente prefere criar polêmicas nas redes sociais.
Bolsonaro deveria aproveitar os dois últimos anos do seu mandato para aprovar as reformas administrativa e tributária, privatizar as estatais e eliminar a insegurança jurídica para atrair investimento privado e pavimentar o caminho para a necessária e inadiável reforma do Estado. É impossível governar um País que engessa quase 90% do orçamento da nação em despesas “carimbadas”.
É inviável melhorar a qualidade da gestão pública quando a máquina pública foi capturada pelo corporativismo estatal. Esse corporativismo não tem nenhum compromisso com a melhoria do serviço público e só pensa em artimanhas para perpetuar privilégios, que aumentam o fosso da desigualdade social num país que já é campeão de desigualdade no mundo.
Se o governo continuar a se esquivar da responsabilidade de enfrentar esses gargalos, o Brasil vai permanecer no atoleiro do baixo crescimento, do alto desemprego e da ausência de investimento privado. As polêmicas populistas podem ajudar a manter a fidelidade de um terço do eleitorado, mas elas não oferecem respostas concretas para os problemas estruturais do País.