Estudo de três pesquisadores do INSPER, IBMEC e Universidade de Toronto aponta que no decorrer de 51 semanas entre a primeira e a última fala negacionista de Bolsonaro no rádio e TV, o número de pessoas infectadas e de mortes em decorrência da COVID-19 foi sete vezes maior nas cidades com maior proporção de apoiadores de Bolsonaro.
Artigo de Luiz Felipe D’Avila, fundador do CLP – Centro de Liderança Pública e publisher do VirtùNews
Decisões políticas irresponsáveis trazem consequências gravíssimas para o País. Essa é a conclusão de um estudo publicado recentemente por três acadêmicos do INSPER, IBMEC e Universidade de Toronto, que retrata o efeito desastroso das atitudes negacionistas e de líderes irresponsáveis durante a pandemia no Brasil.
A conclusão do estudo revela que a taxa de infecção e de mortes de vítima da Covid-19 nos municípios onde o presidente Bolsonaro venceu as eleições presidenciais no primeiro turno é sete vezes maior do que nas regiões onde ele foi derrotado.
Os municípios bolsonaristas têm um número significativamente maior de pessoas que acreditaram na fala de Bolsonaro de que a epidemia era uma “gripezinha” que poderia ser curada com tratamentos alternativos, como a cloroquina. Acreditaram, também, que o uso da máscara e o respeito ao distanciamento social eram medidas inócuas e exageradas, como o presidente tentava comprovar nas caminhadas em meio à aglomerações sem a utilização de máscara.
Na lógica negacionista, distanciamento social e uso de máscaras, acompanhados de lockdown, extrapolam para o complô político orquestrado por governadores e prefeitos, para desestabilizar a economia do País e o Governo Federal.
Mas o estudo é muito claro e mostra duas conclusões preocupantes. A primeira é que no decorrer de 51 semanas entre a primeira e a última aparição de Bolsonaro no rádio e TV, o número de pessoas infectadas e de mortes em decorrência da COVID-19 foi sete vezes maior nos municípios com maior proporção de apoiadores de Bolsonaro. Ou seja, as pessoas não só acreditaram no presidente, como foram mais descuidadas com as recomendações do distanciamento social e a utilização de máscara.
A segunda conclusão é igualmente preocupante. Nos municípios onde Bolsonaro venceu as eleições com maior margem de votos, assim como nos municípios com grande proporção de apoiadores do presidente, número de novas infecções foi 567% maior e o número de mortes 647% maior do que em localidades com baixo número de apoiadores.
A fala, a atitude e o discurso negacionista de Bolsonaro tiveram impacto desastroso no País e tiraram a vida de milhares de brasileiros.
O Brasil espera que a CPI da Covid seja mais um meio de mostrar à nação as consequências desastrosas de políticas públicas que ignoram as evidências e apelam para a demagogia e para o discurso populista que destrói vidas. Discursos vazios que ignoram a economia e que jogaram mais de 20 milhões de brasileiros na miséria.
Se preferir, ouça na voz de Luiz Felipe D’Avila: