As estradas, primeiro as de ferro, depois as de asfalto, moldaram as principais vocações do município, referência também em sustentabilidade: o agronegócio, a indústria e o turismo
Bragança Paulista, como diz Marcelo Tas no nono episódio de “Os Movimentos das Cidades”, série de vídeos, podcasts e editoriais como este, idealizada pelo Virtù, com apoio do Grupo CCR, “brigou para não virar apenas um lugar de passagem”. No século XVII, a região servia de estadia rápida para bandeirantes e tropeiros que se aventuravam em busca de riqueza. Isso porque sua localização é privilegiada, no meio do caminho entre a capital São Paulo e os estados de Minas Gerais e Goiás. Mas foi só a partir da abertura de novas estradas que Bragança Paulista conquistou seu verdadeiro espaço.
O início foi pelos trilhos. Em 1884, a inauguração da Estrada de Ferro Bragantina mudou o cenário para a cidade. Tudo começou a passar pelas estações de trem, de produtos agrícolas a encomendas para a capital. A chegada da ferrovia impulsionou a produção das fazendas, que já se aproveitava da terra conhecidamente fértil, onde então se plantava principalmente café, mas também milho, arroz e feijão.
A quebra da bolsa de Nova York, em 1929, levou o preço do café a despencar e deu início a um efeito dominó que culminou na falência de muitos cafeicultores. As propriedades bragantinas então foram vendidas a imigrantes, como os italianos, que chegaram ao país para trabalhar para os fazendeiros. Com o café desvalorizado, a malha ferroviária paulista, construída quase exclusivamente para o escoamento do grão, entrou progressivamente em decadência. Foi quando chegaram as rodovias. Em 1958, a abertura da Fernão Dias começou a selar a boa sorte de Bragança Paulista.
As novas estradas, agora de asfalto, transformaram a identidade, principalmente econômica, do município. A então já conhecida boa localização bragantina atraiu empresas para o polo industrial. Na lista, por exemplo, estão a Yakult, a Santher e a Arcor. Isso além de a cidade continuar a se desenvolver em torno do agronegócio – a linguiça bragantina, como destacou Tas no vídeo e no podcast da série “Os Movimentos das Cidades”, é famosíssima, sendo tema de festivais.
Bragança Paulista cresceu sem agredir o meio ambiente. Outro feito notável, refletido em uma informação de dar inveja a quem não é bragantino: 75% do território municipal é coberto por mata preservada. Isso tornou Bragança Paulista atrativa tanto para condomínios de casas de luxo, que se estabeleceram aproveitando a beleza natural, quanto para turistas. A cidade é uma das estrelas do Circuito Turístico entre Serras e Águas, ao lado de outros treze municípios paulistas, como Atibaia, Nazaré Paulista, Piracaia, Jarinu e Joanópolis.
O sucesso de Bragança Paulista levou ao desenvolvimento também social. Ela está, por exemplo, entre as vinte cidades mais pacíficas do Brasil, ao se compararem todos os índices de segurança. Todavia, sabe-se que o progresso traz novos desafios. Como resumiu Marcelo Tas: “Turismo, negócios, moradias de fim de semana, muita gente circulando, tudo isso traz benefícios pra cidade. Mas também aumenta o trânsito”.
Por isso, em janeiro deste ano, o governo de SP autorizou o repasse de R$ 15 milhões para melhorias na infraestrutura de acesso à rodovia Fernão Dias. Para um local que se desenvolveu e continua a crescer em torno de estradas, “acesso” é preocupação central. No caso particular de Bragança Paulista, é essencial, por exemplo, impulsionar o desenvolvimento das principais vocações econômicas da cidade, para a agricultura, para a logística e para o turismo, sem que as demandas de um desses setores prejudiquem o outro.

Justamente por isso, a CCR, que apoia a série “Os Movimentos das Cidades”, investe em melhorias como a da implantação do contorno do município, com um trecho de 16 quilômetros de rodovia, com o objetivo de facilitar o escoamento para a indústria, o agronegócio e o turismo. Para alguns, Bragança Paulista, com sua natureza exuberante, ainda é lugar de passagem, para visitar e conhecer. Para muitos outros, virou um refúgio, para trabalhar, mas tembém para viver bem.
