Por sempre terem se esforçado em conectar-se com o restante do país e, hoje, com o mundo, os campineiros construíram a cidade mais “inteligente” do Brasil.
Referência mundial em inovação e empreendedorismo, Campinas se constrói com números grandiosos. A cidade não conta com alta densidade populacional, são cerca de 1 milhão de habitantes (menos que Belo Horizonte, pouco mais de metade de Curitiba, algo como um décimo de São Paulo). Mesmo assim, conta com o terceiro maior centro industrial do país, atrás somente da capital paulista e do Rio de Janeiro, e o 11º PIB do Brasil. Segundo maior colégio eleitoral de SP, desempenha também papel central na conexão dos municípios do interior paulista.
Campinas é bem conectada em vários sentidos. Quase todos os habitantes têm acesso à internet, e a cidade foi eleita a “mais inteligente” do país no Ranking Connected Smart Cities 2019, que considera setenta indicadores. Dentre todos os municípios brasileiros, ficou em primeiro lugar nos quesitos “economia” e “tecnologia e inovação”.
O que faz Campinas tão grandiosa é seu viés empreendedor. A Universidade de Campinas (Unicamp), além de produzir 15% das pesquisas científicas nacionais, é berço de empresários inovadores. De lá saíram negócios que hoje movimentam R$ 7,9 bilhões de dólares ao ano. Um ótimo exemplo é a Movile, a maior desenvolvedora de aplicativos de celulares e tablets na América Latina, responsável por apps como o iFood e o PlayKids.
Como diz Marcelo Tas no sétimo episódio da série “Os Movimentos das Cidades”, idealizada pela Agência Virtù, com apoio do Grupo CCR, quando se busca por “Campinas” na internet aparece “bem grandão, empreendedorismo”. Essa economia proativa só é possível porque a cidade está bem localizada, em um ponto-chave de conexão tanto para a capital São Paulo, a 90 quilômetros de distância, quanto para as cidade dos interior paulista. Sete rodovias conectam Campinas, como a Anhanguera e a Bandeirantes, e o aeroporto internacional de Viracopos, o maior terminal de cargas do país, deixa a região próxima não só de todo o Brasil, mas de todo o mundo.
Porém, nem sempre Campinas foi uma área tão fácil de transitar. Na primeira metade do século XVIII, quando ali começou a se formar um vilarejo, o território era conhecido pela mata fechada, difícil de ser enfrentada. Entretanto, tornou-se passagem para se chegar às minas de pedras preciosas de Goiás. Por isso, bandeirantes e tropeiros abriram o caminho.
Campinas progrediu à medida que se tornou mais interligada com o restante do Brasil. O caminho para mineiros logo evoluiu para um povoado, de pessoas atraídas pela terra fértil. Tratava-se de um ótimo lugar para plantar cana-de-açúcar. Por volta da década de 1770, a localidade, que então respondia pelo prolongado nome de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí, contava com 93 engenhos.
O desenvolvimento foi rápido. No decorrer do século XIX, a cana-de-açúcar foi substituída pelo café. Campinas se tornou uma das maiores exportadoras nacionais do produto, cinco estradas de ferro passaram a atravessar a cidade e, no ano de 1870, ela tornou-se a província paulista mais rica.
Hoje, não é o café que enriquece o município. O que o move é a inovação. Com o polo industrial, os vinte institutos campineiros de tecnologia e empresas pioneiras, como a Movile, a região metropolitana de Campinas é responsável por 9% do PIB paulista e 3% do brasileiro. Há na cidade 142 startups, além de 41 fabricantes de hardware – em todo o Brasil, só a capital São Paulo está à sua frente nesse quesito.
Esse poderoso polo de inovação cresceu conforme se conectava aos arredores e, depois, ao mundo. Por isso os investimentos em melhorias de mobilidade sempre foram tão essenciais. Se no passado a economia girava em torno das ferrovias, hoje depende das rodovias e dos aeroportos.
Para continuar a impulsionar esse progresso, nas últimas duas décadas investiu-se nas estradas, das quais o grupo CCR administra o sistema Anhanguera-Bandeirantes. Por exemplo, implantaram-se 40 quilômetros de novas faixas marginais na Anhanguera, entre Campinas e Americana, e a Bandeirantes foi ampliada em 78 quilômetros entre a cidade e Cordeirópolis. Ao todo, a CCR investiu 1,1 bilhão de reais em melhorias na região.

A história de Campinas é prova de como o vaivém constante de pessoas alimenta o desenvolvimento. Primeiro, o vilarejo do século XVIII se expandiu ao redor de estradas rústicas. Já em meados do século XIX, construiu-se flanqueando ferrovias. No XX foi a vez do progresso industrial, dependente das rodovias. Hoje, os campineiros apostam em inovações digitais, criadas por startups para as quais a conectividade com o mundo é essencial. A rapidez com que Campinas se move não só empurrou a economia adiante, como definiu a identidade dessa que é uma das cidades mais poderosas do país.
