A falta de uma política de Estado para a educação conduz à ausência de mão de obra qualificada e impacta o crescimento econômico do País.
Um dos maiores gargalos do crescimento econômico é a falta de mão de obra qualificada. Graças à nossa péssima educação, o trabalhador brasileiro é seis vezes menos produtivo que o americano, quase três vezes menos produtivo que o português e duas vezes menos que o chileno. Se não investirmos seriamente na melhoria da qualidade da educação básica, o Brasil estará condenado a um profundo limitador do crescimento: a produtividade da nossa mão de obra. Seremos obrigados a importar cérebros para poder voltar a crescer e a produzir.
A qualidade da educação brasileira
A publicação do PISA 2018– exame internacional que mensura o aprendizado de matemática, ciência, leitura e compreensão de texto de alunos do ensino médio em 79 países – continua a revelar a péssima qualidade da educação brasileira. O país está em 70º lugar em matemática, 65º em ciência e 57º em leitura.
É perfeitamente possível reverter esse resultado devastador em pouco tempo. Portugal decidiu melhorar a qualidade da sua educação básica e subiu mais de 15 posições no PISA em quatro anos. O Brasil precisa subir 17 posições para atingir a média dos países da OCDE. Essa deveria ser a meta da nação, a despeito do governo que estiver no poder.
O problema da educação não é falta de diagnóstico. Sabemos que a prioridade é a melhoria DA QUALIDADE do ensino básico. Não faltam estudos com comprovação científica de como melhorar a qualidade da educação. Existem propostas concretas e até esboço de políticas públicas do que é preciso fazer para enfrentarmos os nossos maiores problemas; alfabetizar plenamente todas as crianças até os 7 anos de idade, promover o desenvolvimento da primeira infância, mudar drasticamente a formação inicial e continuada de professores, e mensurar o resultado e efetividade do aprendizado na sala de aula.
O problema da educação não é mais a falta de conscientização e de engajamento cívico. O Brasil tem inúmeras instituições e ONGs que fazem um trabalho extraordinário em parceira com governos estaduais e municipais para melhorar a qualidade da educação básica. Aliás, o País já coleciona casos de sucesso e de mudanças transformadoras em algumas ilhas de excelência. É o caso do programa de alfabetização no Ceará e a melhoria significativa do ensino médio em Pernambuco de escola em tempo integral – que vem sendo adota por outros estados, como o Espírito Santo.
Falta política de Estado para a educação
Por que essas ilhas de excelência não se transformam no exemplo a ser perseguido pelo resto do país? A resposta é simples e direta: por causa da política.
Todos os casos exitosos de políticas educacionais no Brasil e no mundo têm algo em comum: a continuidade de políticas e práticas educacionais que visam a melhoria da qualidade do ensino. Muda governo, mas a política continua a mesma. Muda o secretário ou ministro da Educação e as metas do ensino continuam a ser perseguidas com afinco.
O Brasil está atolado na mediocridade educacional porque nunca colocou a educação em primeiro lugar de suas prioridades. A falta de uma política de Estado para a educação é um problema tão grave quanto a corrupção. A descontinuidade de políticas públicas é um mal que precisa ser extirpado. Não há a menor chance de melhorarmos a qualidade da educação enquanto tivermos um governo que desvia o foco da melhoria do ensino para uma guerra santa ideológica. A ignorância e o fanatismo destroem o conhecimento e a civilização.