Crises como a atual são superadas por parcerias científicas e humanitárias, pela soma de conhecimento, recursos e especialistas capazes de, juntos, enxergar soluções, coordenar esforços e forjar políticas públicas. Apenas populistas nacionalistas, que vivem na época de muros e fronteiras do século passado, pensam o contrário.
Enquanto populistas procuram “culpados” e acusam a China por transformar o coronavírus numa pandemia global, os verdadeiros líderes buscam solucionar o problema. As cidades demonstram que o caminho para superar a epidemia requer cooperação mundial. Boston e Guangzhou dão um exemplo para o mundo.
Um grupo de cientistas e pesquisadores das grandes universidades americanas em Boston – como Harvard, Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Boston University – juntaram esforços com o Instituto de Doenças Respiratórias em Guangzhou para criar uma força tarefa para combater o coronavírus. Uma doação de 115 milhões de dólares do Grupo Evergrande, o segundo maior grupo chinês do ramo imobiliário, possibilitou que 80 cientistas dos dois países somassem esforços para desenvolver uma vacina para a doença. O diretor da Escola de Medicina de Harvard, George Q. Daley, resumiu o espírito da parceria dos dois países; “uma crise como essa é um chamado científico e humanitário que transcende fronteiras. Para nós, cientistas, é um senso de dever”.
Cooperação política global
Seria uma benção para a política se políticos tivessem o espírito de dever cívico dos cientistas. Entenderiam que crises mundiais são superadas com cooperação global. É justamente a soma de conhecimento, recursos, e especialistas que permitirão criar soluções para as crises, coordenar esforços, alinhar a atuação dos países e forjar políticas públicas capazes de vencer as crises globais.
Num mundo em que cientistas e cidadãos vivem o seu cotidiano sem fronteiras, criando parcerias globais, compartilhando informação e conhecimento, trocando produtos e experiências, os populistas vivem no século passado. Ainda vivem na época de muros e fronteiras, do populismo nacionalista e do protecionismo econômico que deram ao mundo duas guerras mundiais, a peste da inflação e o século das ditaduras de direita e esquerda que governavam mais da metade da população mundial.