Mais da metade da força de trabalho brasileira está desocupada. A economia do País já estava frágil antes da pandemia, e o número retrata como a pandemia política brasileira contribuiu para agravar a econômica. A saída para o desgoverno é a união – sociedade civil, setor privado, governos locais, Parlamento e Judiciário – em torno de uma agenda mínima de medidas para reativar a economia e restabelecer a confiança dos cidadãos.
Estudo exclusivo do economista Marcos Hecksher, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), retrata a tragédia do desemprego no Brasil. Metade da população economicamente ativa está desempregada. Publicado no jornal O GLOBO o estudo revela que a pandemia do coronavírus contribuiu para frear a economia e agravar a situação do desemprego no País. Mas é importante lembrar que a economia já estava estagnada antes da pandemia e a taxa de desemprego oscilava em torno de 13 milhões de desempregados, permanecendo num dos patamares mais altos da história do País.
Pandemia econômica
Apesar do empurrão da política monetária, que ajudou a derrubar a taxa de juros no país de 6,5% ao ano (2018) para 3% em 2020, a taxa de investimento continua baixa, a produtividade permanece estagnada e o índice de desemprego permanecia no patamar mais elevado do século 21.
A fragilidade econômica foi rapidamente agravada pela epidemia do Covid-19. O Brasil – e o mundo – mergulhou na pior recessão da sua história e atingiu taxas recorde de desemprego.
Pandemia política
Para piorar a situação, o Brasil vive uma pandemia política. Os desentendimentos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário o populismo doentio que fomenta a discórdia e o radicalismo; e a absoluta ausência de liderança pública capaz de aglutinar o país em torno das reformas do Estado e de uma agenda mínima capaz de resgatar a confiança na economia e reavivar o ânimo dos investidores, pode contribuir para postergar a retomada da economia e da geração de emprego por vários meses.
Agenda mínima
Os brasileiros descobriram durante a crise que vivem num país desgovernado. A única saída para contornar o desgoverno é nos unirmos – sociedade civil, setor privado, governos locais, Parlamento e Judiciário – em torno de uma agenda mínima de medidas para reativar a economia, restabelecer a confiança dos cidadãos e investidores no país.
Nossa força está na união em torno de valores, princípios e propostas que transcendam as divergências políticas e partidárias que nos separaram. Nós, brasileiros, temos de nos unir em torno dessa agenda vencedora para tirar o País do lamaçal político e econômico que o populismo no condenou. Essa deve ser a única missão da sociedade civil neste momento.