Apenas 45% da população brasileira tem segurança alimentar. Quase 20 milhões já passam fome. É alarmante. Mesmo assim, Bolsonaro e parlamentares continuam priorizando seus interesses corporativistas. O enfrentamento da fome e da pandemia implica recuperar a capacidade do Estado de agir em favor do interesse público.
Artigo de Luiz Felipe D’Avila, fundador do CLP – Centro de Liderança Pública e publisher do VirtùNews
O desgoverno e incompetência do governo Bolsonaro estão retratados no seguinte paradoxo. O Brasil, o maior celeiro alimentar do mundo, deve bater um novo recorte na sua safra de grãos: 274 milhões de toneladas de soja, milho, arroz e feijão. Mas nesse mesmo país, aproximadamente 20 milhões de pessoas passam fome. Isso significa que o governo é incapaz de priorizar os mais pobres.
Veja só o orçamento da nação, aquela peça desastrosa em que mais de mais da metade dos investimentos foi endereçada a emendas parlamentares, ao invés de socorrer quem mais necessita de apoio.
Esse dinheiro deveria ser destinado principalmente aos três problemas emergentes do momento: vacinação, dinheiro no bolso dos mais pobres e comida no prato aos estão com fome. Essas são as três prioridades do País. Não há espaço para emendas parlamentares e nem para atender ao interesse do corporativismo. No entanto, defender o interesse do corporativismo é fruto de uma longa trajetória do presidente. Nos seus quase 30 anos de Parlamento, Bolsonaro sempre priorizou o corporativismo nas suas decisões.
Na tentativa de cobrir as consequências desastrosas do desgoverno do País para a população mais vulnerável, estados se mobilizam para criar programas complementares de renda e auxílio. Não estão sozinhos. A iniciativa privada, o terceiro setor e a sociedade civil organizada também se unem em torno de esforços para socorrer a população e garantir que que o alimento chegue à mesa.
O ministro Barroso fez muito bem em aprovar a criação da CPI da saúde. É inadmissível que o Parlamento não dê uma resposta à população pela irresponsabilidade, descaso e desgoverno com que a gestão de Bolsonaro administrou a pandemia no Brasil.
Não vacinamos, deixamos 20 milhões de pessoas passar fome e não conseguimos retomar o crescimento da economia, da renda e do emprego.
Tamanha irresponsabilidade. Não pode passar em branco.
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