Para garantir o fornecimento regular de energia nos próximos anos, o Brasil precisa de políticas públicas e de incentivos corretos para que o setor privado possa investir na expansão de termelétricas a gás. Não há tempo a perder. Esses investimentos são vitais para diminuir o custo de geração e transmissão de energia e assegurar que o Brasil volte a crescer.
A alta do preço da eletricidade poderá ser um dos grandes gargalos para a retomada do crescimento econômico. Além das usinas hidrelétricas, que garantem 67,8% do abastecimento de energia no país, o governo incentivou a expansão de energias renováveis, especialmente eólica e solar.
A matriz energética brasileira
Ter matriz energética limpa é exemplar, mas vai criar um problema. Seu fornecimento é intermitente – ou seja, são fontes incapazes de gerar energia todas as horas do dia porque dependem do vento e do Sol. Fornos de siderurgia, câmaras frigoríficas, irrigação e mesmo eletrodomésticos e ar condicionado demandam o fornecimento de eletricidade 24 horas por dia. Tampouco há mais espaço para a construção de grandes hidrelétricas. A escassez d’água e as questões ambientais inviabilizam projetos de grande escala, como de hidrelétricas do porte de Belo Monte, no Pará.
Desafios da expansão de termelétricas a gás
Para garantir o fornecimento regular de energia, o Brasil precisa investir na expansão de termelétricas a gás. O pré-sal nos deu uma fonte gigantesca de gás natural, suficiente para suprir a demanda de energia que necessariamente vai crescer com a expansão da economia. Mas o desafio está em garantir o transporte do gás produzido no mar para as termelétricas que estão no interior do País. Portanto é fundamental que o governo crie os incentivos corretos para estimular a iniciativa privada a investir no escoamento, transporte e distribuição de gás.
Políticas públicas para investimentos em energia
O governo precisa agir já. Se a economia crescer 3% ao ano a partir de 2021, há risco de o País ser obrigado a acionar todas as suas usinas de carvão, óleo e biomassa para assegurar o atendimento da demanda crescente. Essas fontes vão encarecer substancialmente a conta de luz, que já é um dos itens que mais pesa no bolso do consumidor e do empreendedor.
O país precisa se preparar para mitigar os gargalos do crescimento econômico. Não há tempo a perder. Precisamos de políticas públicas claras e incentivos corretos para que o setor privado possa investir em geração e transmissão de energia.
Um estudo da McKinsey estima que se o país tiver regras claras, é possível atrair 120 bilhões de dólares em investimento em transmissão e distribuição de energia até 2029. Esses investimentos são vitais para diminuir o custo de geração e transmissão de energia e assegurar que o Brasil volte a crescer de maneira sustentável nos próximos anos.
Entrevista de amanhã!
BRUNO PASCON, DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRAESTRUTURA (CBIE), FALA SOBRE OS DESAFIOS DO SETOR DE ENERGIA