Para o economista, o momento do País é positivo. A economia mostra vigor nos fundamentos e isso deve, em breve, se traduzir na oferta mais robusta de vagas de trabalho.
Para o economista, o momento do País é positivo. A economia mostra vigor nos fundamentos e isso deve, em breve, se traduzir na oferta mais robusta de vagas de trabalho.
Previdência
Virtù: Reforma da previdência foi aprovada. E agora?
De imediato, haverá uma redução de gastos com benefícios e a busca do equilíbrio fiscal. A reforma vai ajudar a manter a sobrevivência do próprio sistema de previdência. Mas os outros efeitos positivos só serão sentidos daqui a 3 anos. Por isso, a retomada mais firme da economia, com a volta dos investimentos privados, ainda leva tempo.
Virtù: A reforma não acabou com os privilégios. mas, pelo, menos, os diminuiu?
Acabar não acabou. Ela reduz alguns. Poderia ter sido muito mais radical, mas não houve condições políticas para isso. Poderíamos ter mexido nos benefícios de funcionários públicos. Faltou criar uma condição em que a contribuição de aposentados fosse maior. Por exemplo, quem ganha uma aposentadoria de R$ 35 mil poderia contribuir com 20%, não com os atuais 11%. Isso é só um exemplo, o percentual poderia ser muito mais alto. A Grécia já fez isso.
Virtù: Por que não avançamos?
São corporações muito próximas do poder, muito influentes. Você imagina reduzir aposentadoria de juízes. É complicado. A reforma deveria ter ido muito mais longe. Os militares deveriam ter sido incluídos na idade mínima. Não se justifica uma aposentadoria tão precoce para militares e policiais. Depois de uma certa idade um militar não pode ir para a guerra, não se poder exigir dele uma atividade que exija esforço descomunal. Mas ele pode continuar trabalhando em outras funções. Eles são pessoas altamente qualificadas. Atualmente, depois de reformados, continuam a trabalhar como consultores na iniciativa privada e no próprio governo.
Retomada
Virtù: O que fazer daqui pra frente?
Será necessário aprovar a PEC paralela, o que em princípio o Congresso está cuidando, para dar seguimento à reforma da previdência. Os estados e municípios precisam se ajustar também, senão os benefícios não serão sentidos.
Virtù: Pode-se prever uma retomada no mercado de trabalho no segundo semestre?
Sim, os Dados do Caged indicam isso. Você observa isso muito claramente nos números da construção civil, que é o motor do emprego no Brasil. Se a construção civil se recuperar, ela vai garantir emprego a muita gente.
Virtù: Mas a maioria das vagas criadas não é de baixa qualificação?
Sim, mas isso é um reflexo de como a economia é organizada. Empregos de baixa qualificação são a maioria, logo as vagas de baixa qualificação, por óbvio, virão em maior número. Com a retomada do crescimento, no entanto, as vagas de maior valor seguirão a tendência.
Virtù: Quanto o juro baixo favorece?
Muito. Com o juro baixo fica pouco interessante manter o dinheiro na renda fixa. As pessoas vão para o mercado de ações. Assim, aumenta a possibilidade de empresas reinvestirem recursos. Empresário que tem dinheiro aplicado na renda fixa pode achar mais vantajoso investir no próprio negócio. Juro baixo é uma condição importantíssima para a retomada do investimento.