O deputado do DEM aposta em centrão alternativo por agenda positiva.
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) conversou com o Virtù News. O deputado aposta na formação de um bloco político alternativo para se contrapor ao corporativismo político e dar seguimento às pautas de interesse do Brasil.
Descrente na possibilidade de aprovação de uma reforma administrativa que resolva “definitivamente o problema das contas públicas”, Kim acredita que um bloco abrangente pode dar prosseguimento às reformas liberalizantes, independente do calendário eleitoral. Kataguiri está enxergando sinais preocupantes de prestígio do ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Diz ele: “Com o governo, na situação em que está, fica praticamente inviável conseguir aprovar privatizações.”
Hoje um dos principais críticos do governo Jair Bolsonaro no espectro da direita, o parlamentar afirmou que o presidente queimou capital político em “tempo recorde”, usando-o em temas de importância apenas para ele próprio, como a indicação do filho para a Embaixada dos EUA. Diz ele: “Nem o Collor metendo a mão na poupança conseguiu queimar capital político tão rápido.”
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Presente, passado e futuro
BLOCO
“Se a gente não construir um bloco — e tem que ser um bloco grande — não adianta ter pautas muito específicas. A gente só vai ter este ano para aprovar boas pautas, entre elas a reforma administrativa.”
FUTURO
“A tendência é a de que o Movimento Brasil Livre vire um partido, mas não no curto prazo.Temos que esperar a consolidação de um cenário eleitoral mais claro. Para 2022 não dá.”
PRESENTE
“Prefiro, neste momento, que não se faça reforma (política) nenhuma porque se for feita pode ser para pior. É o caso do Distritão ou do fim das coligações proporcionais e até mesmo da cláusula de barreira”
PASSADO
“Em 2013 houve confusão indesejada em nossa luta contra os criminosos da esquerda. Igualamos todo mundo. Quem era criminoso de esquerda e quem era apenas de esquerda e só discordava das nossas posições. Acho que isso polarizou o debate e fez com que a gente se queimasse com pessoas bem-intencionadas. Mas, de modo geral, o antipetismo foi correto. Parte de quem rejeitava o partido de esquerda se voltou para pautas liberais e outros para posições contrárias à corrupção encarnadas na operação Lava Jato. O antipetismo fez com que as pessoas buscassem alternativas.”
RESISTÊNCIA
“Não vejo ambiente na Câmara dos Deputados ou no Senado para votação da reforma administrativa. Tem muita resistência, tem muito deputado absolutamente contra qualquer tipo de relativização na estabilidade de funcionários públicos. Eu não vejo o governo construindo maioria para aprovar uma reforma administrativa.”
RISCO
“O Paulo Guedes deixou de ser o único conselheiro do Bolsonaro, que passou a escutar mais o pessoal desenvolvimentista. Ele ficou insatisfeito com o resultado da política de corte de gastos do Guedes, que é do mercado e tem respaldo do mercado, e está começando a escutar gente do milagre econômico, do regime militar e os conselheiros desenvolvimentistas.”
RENOVAÇÃO
“A renovação não é virtuosa em si, tem gente nova e boa e tem gente ruim. A grande maioria é de gente que chega atrasada, olha para o painel e não sabe o que está votando e simplesmente segue o voto do líder.”
VIDA PESSOAL
“Olha, gostando não estou gostando não. Antes de ser deputado eu tinha uma vida e agora não tenho mais. Se você quer ter uma boa vida, não seja congressista. É possível ser um mau congressista e ter boa vida, mas para fazer um bom trabalho você tem que abrir mão da vida pessoal, não tem jeito”.
LADO BOM
“O que se salva é a qualidade técnica dos debates nas comissões e a excelência dos técnicos do Legislativo. São pessoas muito competentes e que trabalham muito”.