No livro Tudo Sobre o Déficit Público, o economista expõe os motivos que levaram o Brasil a acumular quatro décadas de desequilíbrio fiscal e analisa como o avanço das despesas do governo inibem o crescimento econômico. “O País precisa enfrentar essa questão de uma vez por todas, senão será difícil aspirar a um futuro com previsibilidade”, diz ele
O maior desafio brasileiro na próxima década será enfrentar a questão do déficit público, afirma o economista Fabio Giambiagi. “É um problema ainda não resolvido e trata-se de uma questão essencial para sairmos desse marasmo no qual a economia está mergulhada há muito tempo”, afirma ele.
Giambiagi acaba de lançar o livro Tudo Sobre o Déficit Público (Alta Books), em que explica de maneira objetiva as encruzilhadas fiscais do País e procura desfazer mitos sobre o tema. Seu objetivo é dar munição ao debate eleitoral no próximo ano e contribuir para a elaboração de propostas para o próximo governo.
Desde a redemocratização, em 1985, o Brasil conquistou avanços como a melhoria nos indicadores sociais e o controle da inflação. A renda per capita, contudo, progride a taxas medíocres, o que restringe a capacidade de desenvolvimento. O aumento da produtividade, argumenta o economista, passa pela redução do déficit do governo.
As despesas primárias do governo federal saltaram de 14% do PIB em 1991 para 24% em 2016. Os números não incluem os gastos com os juros das dívidas. Esse avanço do setor público sobre a economia não se traduziu, na mesma proporção, em melhoria dos serviços prestados pelo governo. Além do mais, levou a um aumento da carga tributária que sufoca o setor privado.
Apenas com a lei do teto de gastos, de 2016, houve uma contenção no ritmo de aumento dos gastos — e, por isso, é temerário que a regra fiscal seja derrubada. Giambiagi argumenta que o teto pode passar por uma revisão, mas a ideia de haver uma restrição fiscal é “essencial”, porque senão os políticos continuarão a criar novas despesas sem levar em contas as limitações do País. E qual o risco disso? O financiamento acabará ocorrendo por meio da inflação e do aumento da dívida pública.
“O Brasil acumula quatro décadas de desequilíbrio fiscal”, diz o economista. “O País precisa enfrentar essa questão de uma vez por todas, senão será difícil aspirar a um futuro com previsibilidade.”