A entrada de Michael Bloomberg na disputa pela presidência norte-americana representa o dilema dos partidos políticos nas grandes democracias.
A entrada de Michael Bloomberg na disputa pela presidência norte-americana representa o dilema dos partidos políticos nas grandes democracias.
Mike Bloomberg
Bloomberg é um arrivista no partido Democrata. Quando foi prefeito de Nova York, disputou a eleição pelo partido Republicano. Sempre cultivou boas relações com líderes Democratas, como Hillary Clinton e Barack Obama. Aos 77 anos, decide entrar na disputa presidencial porque acha que é o único candidato capaz de vencer o presidente Donald Trump e conquistar os votos de Republicanos moderados que não toleram o populismo e os modos vulgares de Trump. Bloomberg é a melhor aposta dos Democratas para vencer as eleições presidenciais. Mas ele terá uma dura batalha para conquistar os militantes do partido Democrata.
Biden e Warren
Os dois candidatos que lideram a disputa no partido Democrata têm longa história na legenda. Joe Biden foi vice-presidente da República de Barack Obama e representa a ala mais moderada do partido. Elisabeth Warren é senadora pelo estado de Massachusetts e uma defensora da política “liberal” (social democrata) norte americana. Ela conta com o apoio da militância do partido e a ala mais a esquerda dos Democratas. Bloomberg, ao contrário, desperta desconfiança dos partidários por sua independência e sua falta de história com o partido.
Biden e Warren são “democratas da gema” que representam as tradições e a história do partido. Bloomberg é o candidato que pode conquistar a presidência da República para os Democratas, mas sua excessiva independência e pouca história com o partido levanta a suspeita que Bloomberg será Bloomberg e não um presidente Democrata.
O dilema do partido Democrata
O drama do partido Democrata – ter um candidato competitivo para disputar a eleição ou escolher um líder que represente os ideais do partido mas que não tem muitas chances de vencer as eleições – representa o dilema dos partidos políticos das grandes democracias. No Reino Unido, o partido Trabalhista insistiu na liderança de Jeremy Corbyn e sofreu a pior derrota eleitoral da sua história nas eleições de dezembro. O dilema entre o pragmatismo político e o purismo ideológico tem o poder de definir não só o destino do partido, mas o futuro do país. Os partidos precisam aprender a conciliar os dois princípios para se reconectar com o eleitor e vencer eleições.