A saída da Ford do Brasil representa o fracasso da política industrial protecionista, perseguida por todos os governos desde Juscelino Kubitschek. Não importa se o governo é de direita ou de esquerda, populista ou sério, democrático ou autoritário. Todos apoiaram a política de subsídio, privilégios e reserva de mercado para a indústria automobilística no Brasil.
O resultado foi um fracasso, expresso na decisão da Ford de fechar as suas três fábricas, depois de mais de 100 anos produzindo veículos no País. A indústria automobilística se acomodou à reserva de mercado, blindou-se da competição internacional e não fez nenhum esforço para se inserir nas cadeias globais de valor. Os carros aqui produzidos são inferiores aos automóveis de padrão internacional. Ainda assim, os brasileiros pagam pelos carros mais caros do mundo.
Os subsídios por tempo indeterminado, a reserva de mercado e a desastrosa estrutura tributária fizeram que a indústria automobilística brasileira se acomodasse no mundo do protecionismo e da falta de competição, produzindo automóveis caros e de menos qualidade.
Portanto, passou da hora de acabar com os privilégios descabidos. Precisamos avançar com a reforma tributária e com abertura do mercado. Precisamos fazer com que a indústria brasileira seja capaz de competir internacionalmente.
Bazar | Curadoria de conteúdo
+ Entrevista com Marcos Lisboa. Brasil é refém de subsídios e governo não apresenta soluções concretas.
“O que está matando a indústria são essas políticas fiscais equivocadas que garantem resultados a curto prazo, mas a médio e longo prazos destroem a indústria. Com essa miopia da política industrial brasileira, você fecha a economia, impede acesso a tecnologias mais modernas e dá estímulo com pouca avaliação achando que só montar uma fábrica dá certo.” Leia a íntegra na Folha.
+ Claudio Frischtak, Rafael Cagnin, Sérgio Lazzarini. Caso Ford é alerta para modelo industrial.
“Por mais de seis décadas a indústria automotiva no Brasil foi impulsionada por incentivos governamentais, uma política industrial clássica que ficou desatualizada. “O que foi demonstrado é que isso não conduz a uma transformação de competitividade da indústria, ela se apoia como em uma bengala e cresce com muletas”. Leia íntegra no Valor.
+ Alexandre Schwartsman. No escuro
A saída da Ford do país foi lamentada. Não se sabe, porém, se a manutenção de sua presença do país seria positiva ou não. Nossa verdadeira ojeriza à avaliação de políticas públicas é um obstáculo permanente ao uso eficiente de recursos. Leia a íntegra no Infomoney.
+ Entrevista com Nelson Marconi. Política industrial exige contrapartidas.
Uma política industrial com incentivos fiscais ao setor automotivo é importante, mas é usada no Brasil de maneira ineficiente. Nelson Marconi afirma que o governo deveria ser mais rigoroso na cobrança de contrapartidas para que montadoras de automóveis façam jus aos descontos em tributos ao instalarem suas fábricas no Brasil. Leia a íntegra na Folha.
+ Artigo de Opinião do Estadão. Sai a Ford, ficam os caros incentivos.
“Em vez de lamentar o fim de atividades de mais uma empresa, o governo deveria dar atenção ao desempenho da indústria, nos últimos dez anos, e examinar com cuidado a atividade do setor automobilístico. Dificilmente se encontrará outro ramo industrial tão favorecido pelo setor público. Entre 2009 e 2019 as fábricas de veículos ganharam incentivos fiscais da ordem de R$ 30 bilhões.” Leia a íntegra no Estadão.
+ Entrevista com Alexandre Chaia. Saída da Ford mostra que empresas não querem o ônus de produzir no Brasil.
“É mais vantajoso ir para países que dão melhores condições fiscais e junto a isso você tem o acordo com o Mercosul. Ou o Brasil reforma sua parte tributária e começa a reduzir o peso do estado na economia ou você vai ter cada vez mais indústrias, que tem capacidade de criar escalas globais, saindo do país, produzindo em outros países e apenas vendendo seus produtos aqui.” Leia a íntegra no O Globo.
+ Nelson Barbosa. Brasil abandonou toda e qualquer política de desenvolvimento.
“A desoneração não pode ser para sempre. O incentivo deve ser temporário, pois as empresas têm que andar com suas próprias pernas a partir de algum momento.” Leia a íntegra na Folha.
+ Para relembrar: Palestra com Marcos Lisboa. A crise na indústria automobilística aconteceu porque o governo atendeu a todas as demandas do setor.