Estudo mostra que a regulamentação das transações internacionais desse mercado poderá render até US$ 100 bilhões ao País. Na entrevista ao Virtù, a diretora executiva da ICC Brasil fala sobre como desenvolver esse potencial e qual o papel das empresas para o avanço na economia verde
O Brasil poderá obter uma receita de até US$ 100 bilhões ao longo das duas próximas décadas com a venda de créditos de carbono. Esse será um dos benefícios diretos causados pela regulamentação internacional desse mercado, um dos temas centrais na na 26ª rodada da Conferência do Clima das Nações Unidas, em Glasgow, a COP-26.
A conclusão é de um estudo feito pela International Chamber of Commerce em parceria com a consultoria Way Carbon. Ainda de acordo com a análise, os investimentos necessários para as adaptações às novas regras ambientais e ao desenvolvimento desse novo mercado poderão criar até 8 milhões de empregos nos próximos anos.
“Os mercados de carbono podem representar um grande impacto positivo para a economia, com benefícios sociais bastante concretos”, afirma Gabriella Dorlhiac, diretora executiva da ICC Brasil. “Os investimentos trazem novas tecnologias e abrem a possibilidade de melhora nas condições de trabalho no campo.”
Caso avancem as negociações, haverá finalmente um arcabouço internacional para as transações de créditos de carbono entre países e entre empresas. O Brasil tem potencial para suprir 22% desse mercado regulado e até 40% do mercado voluntário. Um ponto importante será criar também uma regulação interna, necessária para dar confiabilidade aos créditos a serem negociados.
De acordo com Gabriella, o avanço é uma demanda hoje do setor privado, apesar das resistências no meio político. “Se as empresas tomam a dianteira, é mais de caminho andado”, afirma. “As políticas públicas vão ter que refletir isso. O setor privado brasileiro tem se manifestado de maneira muito enfática.”