O que une a esquerda e a direita, liberais e conservadores no Brasil? Uma sanha por aumentar impostos. Nunca houve na história do Brasil um governo que se prontificou a reduzir impostos. O governo Bolsonaro segue fielmente a tradição de Dilma e Lula, propondo aumento de impostos. Dessa vez, trata-se de uma nova versão da CPMF – o famigerado imposto sobre transação financeira. A proposta da nova CPMF é mais um retrato da insensatez política, da ineficiência administrativa e da desarticulação politico-partidária do governo.
É inacreditável que o governo tenha a petulância de propor a criação de um novo imposto no momento em que o País vive uma pandemia econômica. O Brasil enfrenta a pior recessão da história. Mais da metade da população economicamente ativa está sem emprego; um número recorde de empresas registra falência e luta para reduzir drasticamente seus custos para tentar sobreviver a tempestade.
Nesse cenário de luta pela sobrevivência, o governo quer criar um novo imposto. Em vez de estender a mão amiga para tirar o brasileiro do atoleiro, o governo resolve sepulta-lo de vez, propondo que pague mais um imposto.
É inadmissível o governo exigir mais um sacrifício da população para financiar sua incompetência administrativa. O governo, que prometeu vender todas as estatais, não vendeu nenhuma delas após 18 meses no poder. O governo disse que aprovaria medidas para reduzir as despesas públicas, mas até o momento foi incapaz de enviar ao Congresso a reforma administrativa e angariar votos para aprovar a PEC Emergencial (que permite a redução de gastos públicos de estados e municípios em busca de equilíbrio orçamentário) e acabar com privilégios de parlamentares e juízes. Despesas com auxílio viagem, por exemplo, auxilio moradia e férias de 60 dias para o Judiciário.
Os brasileiros já trabalham 4 meses do ano para pagar impostos. No momento em que o Congresso mostra disposição e determinação para aprovar a reforma tributária, o governo busca tumultuar o processo apresentando uma reforma tímida e lançando a ideia de se criar um novo imposto. As duas PECs tramitando no Parlamento – a PEC 45 na Câmara e a PEC 110 no Senado – deverão convergir para uma proposta única que será esboçada pela Comissão Mista do Congresso. Tudo indica que os parlamentares estão dispostos a resolver um dos maiores entraves do crescimento econômico, da baixa produtividade e da perda de competitividade do País.