Enquanto o ex-ministro acusa o Presidente de uso indevido do poder, Bolsonaro se alia à “velha política” corporativista, fisiologista e com histórico de envolvimento em escândalos de corrupção para evitar o impeachment. É preciso uma aliança entre sociedade civil e instituições democráticas para a criação de um espaço de diálogo e de bom senso em torno da aprovação das medidas que permitirão ao Brasil a sair da crise e retomar o caminho do crescimento, do emprego e do investimento privado.
O depoimento do ex-ministro Sergio Moro na superintendência da Polícia Federal marca o início da guerra entre Moro e Bolsonaro. O embate definirá o futuro político de ambos. Se as acusações de Moro comprovarem o uso indevido do poder do presidente e sua ingerência política no trabalho da Polícia Federal, o caminho do processo de impeachment poderá se tornar uma possibilidade real. Nesse caso, Moro sairá como um fortíssimo candidato presidencial em 2022.
Bolsonaro tentará contra-atacar usando o discurso de que Moro é um traidor. O presidente vai insistir na tese de que ele é vítima de um sistema político controlado por conspiradores ardilosos, como Moro, a TV Globo, o Congresso e a Suprema Corte. Juntos, formam um conluio articulado para tirá-lo da Presidência da República. Suas armas são o apoio do povo e o respaldo dos militares.
Aliança de Bolsonaro com a “velha política”
Enquanto Moro apresentava troca de mensagens, áudios e conversas com Bolsonaro num depoimento de oito horas na Polícia Federal para comprovar as acusações feitas ao Presidente da República, Bolsonaro aliava-se ao sistema da “velha política” que tanto critica. O presidente abandonou sua promessa de campanha e resolveu recorrer justamente à “velha política” para garantir sua sobrevivência política. Ofereceu cargos estratégicos no governo federal para a turma da “velha política”.
O Centrão é um bloco parlamentar vital que pode garantir os votos necessários para barrar um eventual processo de impeachment no Congresso Nacional. Mas também é o grupo que pode arruinar o governo com sua verve corporativista, fisiologista e com um histórico de envolvimento em escândalos de corrupção.
O problema é que a guerra entre Moro e Bolsonaro fragiliza a política justamente no momento em que a confiança nas instituições é vital para atravessarmos a pandemia do coronavírus e a trágica crise econômica que vem destruindo empregos, renda e empresas.
A aliança de Bolsonaro com o Centrão é um mau presságio. Sinaliza que o presidente está disposto a tudo, inclusive aliar-se a “velha política” e aprovar medidas populistas para manter sua base de apoio.
Aliança pela retomada do crescimento
O País precisa criar um “cordão sanitário” para evitar que a guerra entre Moro e Bolsonaro destrua o país. É preciso forjar uma aliança entre a sociedade civil, o Supremo Tribunal Federal e os principais partidos do Congresso para se criar um espaço para o diálogo, o bom senso e o consenso em torno da aprovação das medidas necessárias que permitirão o Brasil a sair da crise e retomar o caminho do crescimento, do emprego e do investimento privado.