O conflito entre Rodrigo Maia e Bolsonaro é mais do que nocivo. Ele alimenta o corporativismo e interesses privados em detrimento da aprovação das matérias vitais para a retomada do crescimento econômico. O governo federal já negocia abertamente a distribuição de cargos. Retornam ao Congresso as “pauta-bomba”, matérias irresponsáveis que prejudicam as finanças, aumentam a insegurança jurídica, criam desconfiança em relação ao futuro do Brasil e selam o retorno da velha política.
A guerra aberta entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é a pior coisa que poderia acontecer para o país nesse momento.
Matérias essenciais paradas no Congresso
Em primeiro lugar, no instante em que o Brasil precisa de união, a guerra acirra a desunião entre os Poderes e dificulta a aprovação das matérias vitais para a retomada do crescimento econômico, do emprego e do investimento no país. O marco do saneamento continua parado no Senado, o que retarda os investimentos em infraestrutura num momento dramático que o país aguarda boa notícias. As duas reformas mais importantes para sanear o Estado e melhorar o ambiente de negócio – a administrativa e a tributária – também estão paralisadas no Congresso.
Corporativismo e pautas-bomba
Segundo, o conflito entre o governo e o Congresso aumenta as chances de se aprovar medidas desastrosas para o país. Trata-se de leis que beneficiam o corporativismo estatal em detrimento da nação; que contempla interesses privados em detrimento da coletividade.
Do reajuste salarial de funcionários públicos aos subsídios setoriais; do socorro financeiro aos estados e municípios sem contrapartida de corte de despesas ao aval para legalizar o calote de contratos, são temas preocupantes que podem ser votados pelo parlamento.
O conjunto de matérias irresponsáveis, conhecida como “pauta-bomba”, pode inviabilizar as finanças do país, aumentar a insegurança jurídica e criar tamanha desconfiança em relação ao futuro do Brasil que vai prorrogar a tríade da desgraça nacional: estagnação econômica, desemprego recorde e baixo investimento.
Retorno da Velha Política
Terceiro, a guerra de Bolsonaro com Rodrigo Maia leva o presidente a quebrar uma importante promessa de campanha: o fim da velha política. O governo federal já está negociando abertamente a distribuição de cargos do segundo escalão no governo para conquistar partidos aliados no Congresso. É o retorno escancarado da velha política e da troca nefasta de favores por apoio no Congresso. Um pesadelo que nos remete aos esquemas de corrupção que deram origem ao mensalão e a Lava Jato.