Coordenador do projeto Amazônia 2030 diz que as políticas públicas erraram ao emular as estratégias empresariais de outras áreas do País, o que resultou em uma economia frágil e baixo desenvolvimento. Para economista, Zona Franca precisa sair do modelo de arbitragem tributária e explorar as vantagens naturais da região
“As políticas de desenvolvimento para a Amazônia sempre viram a floresta como um obstáculo”, afirma o economista Juliano Assunção, professor da PUC-Rio, diretor-executivo da Climate Policy Initiative Brasil e um dos coordenadores do projeto Amazônia 2030. “Ignoraram as particularidades da região e não souberam tirar proveito de suas vantagens comparativas naturais. Isso gerou um ambiente econômico muito frágil”.
O projeto Amazônia 2030 reúne a colaboração de pesquisadores em busca da formulação de políticas e propostas para elevar o desenvolvimento social e econômico, respeitando as condições naturais. É uma parceria entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente (Imazon), do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, da Climate Policy Initiative e do Departamento de Economia da PUC-Rio.
Uma das preocupações centrais dos pesquisadores é fugir de respostas simples e polarizadas, procurando caminhos exequíveis para identificar oportunidades concretas e potencializar boas ações já em andamento.
Apesar de toda a sua riqueza, a Amazônia é hoje a região menos desenvolvida do País. É também a mais dependente de transferências de recursos federais. O ciclo de dependência tem se perpetuado. “Há pouco dinamismo, e um dos efeitos disso é o alto desalento entre os jovens”, afirma Assunção.
Historicamente, a ocupação da Amazônia procurou emular os modelos de desenvolvimento que eram feitos no resto do País. “O resultado foi catastrófico do ponto de vista social e econômico”, diz.
Um dos exemplos é a Zona Franca de Manaus, que deveria ter levado em conta as vocações da região, e não ser constituída sem contrapartidas voltadas ao desenvolvimento local. “A Zona Franca precisa sair do modelo de arbitragem de tributárias. Precisamos tirar lições de casos bem-sucedidos de outros países”, afirma o economista.
Entre as oportunidades identificadas até agora, três parecem mais promissoras: absorção de carbono pela recuperação de áreas degradadas, o comércio internacional de produtos da floresta que não sejam a madeira e a pecuária — mas feita de maneira produtiva e sem degradar o ambiente. Para destravar esse potencial, será preciso regularizar a posse de terra de maneira a não incentivar a grilagem.