Congresso desperdiça nova oportunidade para desvencilhar a economia das amarras do Estado ao derrubar uma contrapartida fundamental para o empréstimo de 120 bilhões aos governadores: congelar o salário dos funcionários públicos por 18 meses. O impacto da decisão é desastroso para o Brasil. Os professores Carlos Ari Sundfeld e Jerson Kelman comentam os desafios para combater o corporativismo estatal e destravar a economia em tempos de crise pós-coronavírus.
O Brasil precisa desvencilhar-se das amarras do Estado para voltar a crescer. Não há como retomar o investimento e o emprego num país sequestrado pelo corporativismo público e privado.
O Estado estrangula a liberdade econômica e a competição do mercado distribuindo mais de R$ 300 bilhões em subsídio e incentivo fiscal ao setor privado. O corporativismo empresarial não gosta do capitalismo; gosta de reserva de mercado, de medidas protecionistas e de ajuda do governo para frear a competição e a concorrência. Não é à toa que o Brasil é hoje uma das economias mais fechadas do mundo, segundo o ranking do Doing Business, publicado pelo Banco Mundial.
O lobby do corporativismo
O corporativismo público é tão nefasto quanto o privado. O Estado criou uma casta de privilegiados no setor público que conta com a estabilidade do emprego, aposentadorias generosas e salário médio muito acima do setor privado. O governo gasta 14% do PIB pagando salários, benefícios e aposentadorias do funcionalismo público. O corporativismo estatal trava o avanço da agenda modernizadora do País.
Congresso elimina contrapartida aos estados
O lobby do corporativismo dilacerou um pacote de R$ 120 bilhões de ajuda financeira aos estados ao eliminar a principal contrapartida: congelar o salário dos funcionários públicos por 18 meses. O Congresso derrubou essa prerrogativa fundamental. O impacto dessa decisão é desastroso para o Brasil. Implica em sacrificar os recursos que deveriam ir para a saúde, programas sociais e de transferência para garantir o pagamento integral de salários do funcionalismo público. No Brasil, o Estado vive descolado da realidade dos brasileiros.
Novas lideranças em defesa do corporativismo
Triste também ver jovens lideranças que foram eleitas para o Congresso defendendo a renovação da política e rapidamente sucumbiram à defesa do corporativismo. A deputada Tábata Amaral(PDT-SP) comemorou na sua rede social a sua exitosa intervenção para defender o corporativismo estatal. A jovem deputada ainda não aprendeu a diferença entre defender a educação e se tornar uma defensora do corporativismo dos professores. O Congresso desperdiçou mais uma oportunidade para combater o corporativismo e desvencilhar a economia das amarras do Estado.
Virtù Escuta | Carlos Ari Sundfeld e Jerson Kelman
Para tratar do desafio que enfrentamos para combater o corporativismo estatal e destravar a economia, VirtuNews convida os seus leitores a escutar a entrevista do professor Carlos Ari Sundfeld sobre as medidas urgentes na ordem regulatória e jurídica do Brasil e ler o artigo do professor Jerson Kelman sobre a necessidade imperiosa de se reformar a máquina pública a fim de reduzir o poder do corporativismo estatal.