Estradas de ferro e, depois e até hoje, rodovias conduziram o município por um virtuoso caminho econômico, passando do café para a uva e, recentemente, tornando-se centro de distribuição de empresas como Magazine Luiza, Unilever e Ambev
Louveira foi transformada ao se conectar cada vez mais com o mundo. Estradas impulsionaram as vocações econômicas da cidade, tornando-a hoje, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, a mais desenvolvida do Brasil, considerando-se critérios como educação, saúde, emprego e renda. Como diz Marcelo Tas no oitavo episódio de “Os Movimentos das Cidades”, série de vídeos, podcasts e editoriais como este, idealizada pela Agência Virtù, com apoio do Grupo CCR: “Louveira mostra que é possível construir o primeiro mundo aqui mesmo, com trabalho, educação, investimento, cultura, respeito às diferenças”.
O desenvolvimento começou a chegar com força em 1872, com a construção da primeira estação ferroviária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a então chamada Capivary (então com “y”, mesmo), pela proximidade com o rio Capivari. Depois, viraria a Estação de Louveira. O trem transformou a economia do povoado: antes passagem de bandeirantes e tropeiros, tornou-se referência em produção cafeeira.
Na década de 1920, a terra da cidade ficou pobre, por efeito da repetição de um único cultivo, o de café. Imigrantes italianos compraram os lotes, passaram a cuidar do solo e logo deram início ao plantio de uvas na região. Nas décadas seguintes, as rodovias se estabeleceram como o melhor meio de transporte a servir a área. Assim se formou o Circuito das Frutas do interior paulista, integrado ainda por outros nove municípios, como Atibaia, Valinhos e Vinhedo.
Nos últimos vinte anos, principalmente, mais uma vez a conexão de Louveira com o mundo levou a cidade a se transformar. Sua localização é privilegiada, entre dois importantes polos industriais e tecnológicos, o de Jundiaí e o de Campinas. Passam por lá as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, além da Romildo Prado, que faz interligação com a Dom Pedro I e leva ao porto de São Sebastião. O local, em mais um privilégio, está a menos de 30 quilômetros do Aeroporto de Viracopos, o maior terminal de cargas do país. Assim como tem fácil acesso ao Rodoanel Mário Covas, que é uma conexão para o porto de Santos.
Por isso a cidade atraiu grandes empresas do setor de logística. Magazine Luiza, Unilever, P&G e Ambev estão entre as que estabeleceram centros de distribuição por lá. A nova vocação louveirense, dependente da malha rodoviária, levou o orçamento municipal a se multiplicar por quase vinte nos últimos vinte anos, de R$ 26 milhões para R$ 514 milhões. Agora, Louveira, com seus menos de 50 mil habitantes, conta com o 3º maior PIB per capita do Brasil.
Para que a cidade continue continue a crescer, os investimentos em infraestrutura não podem parar. Nos últimos 22 anos, a CCR, apoiadora do projeto “Os Movimentos das Cidades”, que desvenda a identidade local e como aproveitar a força econômica de dez cidades paulistas, investiu R$ 8,7 bilhões em melhorias no sistema Anhanguera-Bandeirantes. Além dos óbvios benefícios para o tráfego pelas estradas, as melhorias ainda as tornaram mais seguras para os motoristas. Mesmo com o aumento da quantidade de veículos nas rodovias, houve redução de quase 80% no número de vítimas de acidentes.

Só que há consequências do desenvolvimento que podem virar problemas graves, se não enfrentadas com antecedência. O crescimento, principalmente dos centros de logística, trouxe para as proximidades de Louveira um maior fluxo de caminhões. “Estão fazendo um anel viário novo aqui. Vai jogar direto na Anhanguera”, bem percebeu o caminhoneiro Olair Ileck, morador de Louveira, entrevistado por Tas no vídeo de “Os Movimentos das Cidades”. E também já se mostrou essencial facilitar a ida a Viracopos.
Progressos desse tipo são necessários para beneficiar a circulação de produtos saídos dos centros de logística, e de saborosas frutas das tradicionais plantações paulistas – a exemplo da famosa uva louveirense –, assim como tornam a vida melhor para os moradores do entorno. E assim garantem que Louveira continue a ser uma referência para a indústria da logística e uma agradável e desenvolvida cidade para se viver.
