São as commodities agrícolas exportadas pelo campo do Brasil que garantem o mínimo de paz econômica desfrutado pelos brasileiros.
Nos principais mercados consumidores do mundo, China, Estados Unidos e Europa, Brasil se escreve com soja, carne, milho, arroz, café, suco de laranja e cacau. Essas são as commodities agrícolas exportadas pelo campo do Brasil. São elas que garantem o mínimo de paz econômica desfrutado pelos brasileiros. Dados de 2016 mostram que o agronegócio brasileiro respondeu por 23% do PIB e por 46% do valor das exportações. As atividades do agronegócio empregam cerca de 19 milhões de trabalhadores e, assim, fixam as pessoas no campo, sendo um alívio para as pressões demográficas que, de outra forma, tornariam inabitáveis as metrópoles brasileiras.
Ciclo virtuoso e produção recorde
Mesmo com a diminuição do ritmo de crescimento do mundo e a consequente desaceleração da economia brasileira, o agronegócio se recusa a contribuir para o bombardeio de más notícias do noticiário. O total de exportações brasileiras recuou 6%, mas o agronegócio se prepara para anunciar mais um recorde na produção de grãos.
A estimativa mais recente da Conab aponta para uma safra de 241 milhões de toneladas, 6% a mais do a produção registrada no período 2017/2018. O destaque vai para a soja e o milho. Isso se explica pelo ciclo virtuoso instalado no campo produtivo brasileiro. Quando as exportações de comida caem pelo resfriamento da demanda externa, seus preços também recuam no mercado interno. Ajudam assim, ao mesmo tempo, a controlar a inflação e a encher a mesa dos brasileiros. O Índice de commodities do Banco Central, o IC-BR variou quase 9% para baixo entre setembro de 2018 e agosto deste ano. O IC-BR é um importante componente do cálculo da inflação no Brasil.
De importador a exportador de alimentos
Quando colocado em um perspectiva de longo prazo, fica mais claro o salto do agronegócio brasileiro. De importador de alimentos nas décadas de 60/70, o país passou a ser um dos principais exportadores de produtos agrícolas, com economia estimada em torno de US$ 100 bilhões nos últimos anos, e um superávit comercial setorial de mais de US$ 85 bilhões. Modernização da cadeia produtiva, insumos, processamento e distribuição impactaram positivamente o PIB.
Aumento da produtividade
A argumentação lógica e factual que faltou no recente debate extrafronteiras sobre as queimadas na Amazônia esteve todo o tempo disponível nos estudos sobre o agronegócio no Brasil. O IBGE tem dados mostrando que a produção de grãos (soja, milho, feijão, arroz e trigo) quase quintuplicou (475% de aumento entre 1975 e 2018), enquanto a área plantada apenas dobrou de tamanho. Ao crescimento da produção sem o correspondente aumento de consumo de recursos naturais os economistas chamam de produtividade — de longe, o bem mais escasso da economia brasileira.
De acordo com a Embrapa, entre 1975 e 2017, houve um aumento de rendimento de 346% para o trigo, de 317% para o arroz e de 270% para o milho. Soja e feijão praticamente dobraram a produtividade no período analisado.
Produção de carnes
A produção de carnes também é destaque no agronegócio. Entre 1975 e 2018, a produção de carne de frango passou de 2,12 milhões de toneladas para 13,4 milhões, com crescimento 2,451%, algo próximo de 7,6% ao ano. No mesmo período, a produção de carne suína cresceu (412%), seguida da carne bovina, com salto de 309%. O aumento da produção do agronegócio produziu impacto não apenas na balança comercial brasileira, mas também nos preços dos produtos vendidos aqui. A cesta básica em São Paulo custava cerca de R$ 833 em janeiro de 1975, já em janeiro de 2019, custa R$ 468, uma variação de -44%.
A soja abriu o caminho, colocou o Brasil no mapa mundial da produção e exportação de grãos. Agora, o Ministério da Agricultura, enxerga o mesmo sucesso internacional para o milho (crescimento de 33%), o algodão (43%) . As exportações de carne seguem pelo mesmo caminho ( 34% de crescimento para a carne bovina e 33% do frango. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que o Brasil, em 2029, será o maior exportador de carne de frango do mundo com 37,1% do mercado internacional, 24,7% das vendas de carne bovina e 10% de carne suína.