Temos a melhor fórmula para promover a desigualdade social: economia recheada de barreiras, subsídios e proteção e incapaz de competir nos mercados globais aliada a um Estado ineficiente.
Relação entre IDH e concentração de riqueza
O gráfico mostra a relação entre o IDH e a concentração da riqueza de um país, refletida pela % do PIB das mãos do 1% mais rico daquela população. Quanto mais acima do gráfico, maior o IDH daquele país. Quanto mais para a esquerda, melhor é a distribuição de renda. O Brasil e o Catar, por exemplo, que têm a pior distribuição de riqueza do mundo, estão situados à direita do gráfico. As linhas que cortam o mapa indicam os valores agregados para a OCDE e para a América Latina nos dois indicadores.
Receita de sucesso
O IDH retrata que os 10 melhores países têm algo em comum: combinam o livre mercado com um Estado eficiente. São países competitivos na economia global que produzem bens de alto valor agregado, mas também possuem um Estado eficiente que oferece serviço público de qualidade para a população: boa educação, saúde, segurança e transporte públicos são os pilares que asseguram a verdadeira igualdade de oportunidade.
Receita de insucesso
No Brasil, adotamos o receituário do insucesso. Escolhemos a dedo a melhor fórmula para promover a desigualdade social. Criamos uma das economias mais fechadas do mundo, recheada de barreiras, subsídios e proteção que fizeram brotar uma gigantesca reserva de mercado para os amigos do rei (governo) que são incapazes de competir nos mercados globais. Edificamos um dos estados mais caros e ineficientes do mundo. A educação pública consome quase 6% do PIB (igual aos países de OCDE), mas está entre as piores do mundo – de acordo com o PISA; o exame internacional que mensura o aprendizado dos alunos em leitura e interpretação de texto, matemática e ciências. A segurança pública está entre as piores do planeta, segundo o Índice Global da Paz. A saúde pública também está entre as piores na categoria de países cuja renda per capita é similar à nossa.
Ineficiência do Estado
A raiz da ineficiência do Estado reside na craca do corporativismo que se instalou na máquina pública, devorando recursos, criando privilégios e consumindo recursos públicos para se auto sustentar. Temos uma das justiças mais caras do mundo que consome 1,4% do PIB (ante 0,3% do PIB nos países líderes do IDH) e demora, em média, 1606 dias para julgar um processo em primeira instância (ante 239 dias entre os países melhor colocados no IDH).
O IDH se resolve atacando os problemas estruturais do Estado brasileiro e não pregando soluções erradas que ignoram as reais causas do problema político, econômico e social. A desigualdade social retrata um Estado corporativista e uma economia fechada que inibe o empreendedorismo, a geração de riqueza, a igualdade de oportunidade e a mobilidade social.
A aprovação da reforma previdenciária é um bom avanço, mas é preciso caminhar com a reforma administrativa para redesenhar as carreiras públicas, valorizar os bons servidores e incutir a cultura de desempenho, mérito e qualidade da prestação do serviço público. Na política, é vital garantir a segurança jurídica, desburocratizar e desregulamentar o Estado. Na economia, é imprescindível acelerar a abertura econômica, a privatização e a reforma tributária. Se enfrentarmos essa agenda, o Brasil vai melhorar significativamente no IDH.