Até o final do mês, o governo apresentará o Orçamento 2021. É um indicador de quem vencerá o cabo-de-guerra no esquizofrênico time de Bolsonaro. De um lado está a ala que defende a preservação do teto do gasto e a retomada do investimento privado. Do outro, o grupo que deseja romper o teto dos gastos e retomar o investimento público. É hora de mobilizar a sociedade civil e o Congresso para transformar o Orçamento em um instrumento para resgatar a confiança no País.
Nesse momento delicado da história política do País, onde a ausência de liderança pública colaborou para aprofundar a desastrosa gestão da crise da saúde e da economia, o Brasil dá sinais importantes de que a democracia está vencendo o corporativismo.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados manteve o veto ao aumento do salário funcionalismo público. Foi uma votação histórica que revelou a vitória do Parlamento e da sociedade civil em torno da defesa da democracia e da boa gestão pública. A vitória na Câmara demonstra que os glóbulos brancos da democracia começam a reagir ao radicalismo, ao corporativismo e ao populismo.
O Brasil está cansado. Esses artifícios colaboraram para acirrar a recessão econômica, contribuíram para o aumento do desemprego e aprofundaram a desastrosa gestão da crise da saúde. O País precisa de liderança pública capaz de construir pontes, tecer entendimentos e buscar soluções concretas para os reais problemas que espantam o investimento privado, geram insegurança jurídica e minam a retomada da economia, do emprego e da confiança no Brasil.
O Orçamento 2021
O próximo teste de fogo que teremos de enfrentar começa nessa semana. O governo precisa apresentar o Orçamento de 2021 até o fim do mês. Trata-se de um importante indicador de quem vencerá o cabo-de-guerra no seio do governo. O ministério Bolsonaro reflete a esquizofrenia do seu governo. De um lado, está a ala que defende a preservação do teto do gasto e a retomada do investimento privado. Do outro, está o grupo que deseja romper o teto do gasto público e retomar o investimento público, repetindo o erro crasso que arruinou o País durante a desastrosa gestão de Dilma Rousseff.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação financeira do País, se a despesa pública subir 1% acima da inflação, o Brasil torna-se insolvente.
Infelizmente, a pandemia serviu para aumentar não somente os gastos temporários (e necessários) para combater a crise do Covid-19, como também aumentou de maneira irresponsável os gastos permanentes do governo. Daí a importância da mobilização da sociedade civil, da imprensa e do Congresso para evitar que o Orçamento de 2021 se transforme na pauta-bomba capaz de arruinar a retomada da economia.
Se romper o teto do gasto público, o Brasil caminhará rumo à insolvência. As taxas de juros dos títulos brasileiros já começaram a subir; um sinal claro de preocupação do mercado internacional com a solvência do País. É hora de mobilizarmos a sociedade civil e o Congresso para transformarmos o Orçamento de 2021 num instrumento que ajude o Brasil a resgatar a confiança dos investidores, a responsabilidade fiscal e o compromisso com a retomada do crescimento, da renda e do emprego. Será mais um teste dos glóbulos brancos da democracia brasileira.