O evento deixou de ser um espaço para o debate dos grandes desafios globais e se tornou um fórum tedioso de ambientalistas. A despeito de Davos, o mundo vai se tornar cada mais verde graças ao avanço da tecnologia e da pressão da opinião pública sobre os seus governantes. Na celebração dos seus 50 anos, Davos precisa recuperar a sua relevância e deixar de viver das glórias do passado.
A decadência do Fórum Econômico de Davos é espantosa. No passado foi o epicentro das discussões dos grandes temas globais da economia e dos desafios do capitalismo; hoje, transformou-se num evento entediante, dominado pelo politicamente correto e esquivando-se do debate dos grandes desafios globais.
Davos em 2020 parece um fórum de ambientalistas debatendo platitudes sobre o desinvestimento em combustíveis fósseis e em energia suja (como carvão) e dando um ar de “capitalismo do bem” ao adotar o mote de “capitalismo for stakeholders”; ou seja o capitalismo solidário que leva em consideração não só acionistas como também todos os stakeholders envolvidos: consumidores, fornecedores e todas as partes interessadas – que deve englobar até mesmo ursos polares e aves da Amazônia.
Tecnologia e pressão da opinião pública
A despeito de Davos, o mundo vai se tornar cada mais verde graças ao avanço da tecnologia e da pressão da opinião pública sobre os seus governantes. O avanço da tecnologia traz ganhos extraordinários de produtividade, permitindo que se produza cada vez mais alimentos na mesma área agriculturável, sobrando mais terra para replantar florestas e árvores. A demanda por produtos orgânicos e por energia limpa cresce conforme a tecnologia e a intervenção governamental gerem incentivos que estimulem a demanda por esses produtos e serviços, transformando-os em bens acessíveis ao consumidor. Francamente, Davos tem muito pouco a contribuir com esse debate. Existem fóruns melhores e mais qualificados para conduzir essa discussão.
Três questões para resgatar a relevância de Davos
O Fórum Econômico deveria focar nas questões espinhosas da economia mundial. Aqui vão três sugestões para resgatar a relevância de Davos no próximo ano:
1) Como sair da armadilha da estagnação econômica e do aumento da desigualdade de renda que afetam a credibilidade do capitalismo e a confiança na democracia?
2) Como enfrentar os efeitos nefastos do populismo que vem diminuindo o comércio global e reerguendo barreiras protecionistas que empobrecem pessoas e nações no longo prazo?
3) No mundo de escassez de emprego, como preencher o senso de dignidade e de propósito do indivíduo quando esses valores estavam associados à profissão e ao emprego?
Na celebração dos seus 50 anos, Davos precisa recuperar a sua relevância e deixar de viver das glórias do passado.