A ausência de articulação política no governo Bolsonaro e a pandemia trouxeram uma renovação necessária ao cenário político do País: um Parlamento independente e uma sociedade civil ativa. É uma mudança vital para o Brasil e para a nossa democracia.
Parlamento independente
O novo normal da política apresenta duas mudanças importantes. A primeira é a divisão do Centro político. Ao liderar a criação de um novo bloco liderado pelo MDB e DEM no Congresso Nacional, surge um grupo de partidos que deseja manter sua independência política do governo no Legislativo. Esse novo bloco deve atrair outros partidos (como o PSDB), e exercerá um papel preponderante na definição do rumo das reformas no Congresso e na escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado para o biênio 2021 -2022.
O bloco dissidente de Centro é mais um sinal de que o governo não conseguiu superar o problema do seu Pecado Original: a ausência de articulação política. A desarticulação política do governo esgarçou os laços de confiança entre os Poderes Executivo e Legislativo. A aprovação do novo marco regulatório do saneamento básico foi a gota d’agua. O governo não honrou o acordo dos vetos selado com o Senado, inflamando a indignação da maioria dos senadores.
Participação da sociedade civil
A segunda mudança é a participação ativa da sociedade civil que começa a se organizar de maneira perene para pressionar o Congresso e o governo a aprovar a agenda reformista do Estado brasileiro.
A pressão da sociedade para se aprovar as reformas tributária e administrativa e os projetos de lei que colaboram para impulsionar a retomada do crescimento da economia, do investimento privado e da geração de emprego, será permanente. O CLP – Liderança Pública – apresentou uma agenda concreta de reformas e de projetos de lei para o Congresso votar até dezembro. O movimento do CLP já conta com o apoio de dezenas de instituições e com um sistema de monitoramento do andamento das medidas no Congresso Nacional.
Essa combinação de forças – um Parlamento independente e uma sociedade civil ativa – traz novos ares de renovação no cenário político. Afinal, uma democracia forte e saudável só existe quando há uma sociedade civil participativa e engajada na vida pública. Felizmente, os brasileiros começam a acordar para o fato de que o futuro do País é fruto das nossas escolhas, ações e omissões – e não do poder mágico e a vontade imperial do presidente da República. A pandemia acelerou o processo de amadurecimento político da sociedade brasileira. O populismo não tem um futuro promissor quando cidadãos se sentem responsáveis pelo destino do seu País. Isso é bom para o Brasil e para a nossa democracia.