Dois sinais de uma travessia tumultuada até 2022: um governo refém do Centrão e um presidente atacando a legitimidade das eleições
Artigo de Luiz Felipe d’Avila, publisher do Virtù News
A democracia brasileira enfrenta o momento mais crítico desde 1964, ano em que um golpe militar sepultou-a por 25 anos. O ultimato do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, ao presidente Câmara, Arthur Lira, de que se o Congresso não aprovar o voto impresso não haverá eleição em 2022, retrata uma verdadeira afronta aos poderes constitucionais do Legislativo e do Judiciário, as duas únicas instituições que têm o poder de definir e fazer cumprir as regras que regem as eleições no País.
Logo após o deplorável ultimato do general Braga Netto, o presidente Bolsonaro convidou o capitão mor do Centrão, senador Ciro Nogueira (PP-PI), para ocupar o ministério da Casa Civil. Sem nenhum pudor, o presidente declarou que ele sempre fez parte do Centrão, uma declaração que abalou até mesmo a confiança dos seus eleitores que acreditaram na sua promessa de campanha de não pactuar com a velha política.
Os dois eventos retratam dois motivos para preocupações.
Primeiro, o medo de Bolsonaro perder as eleições em 2022 vem pavimentando o discurso de que a sua derrota nas urnas seria fruto de fraude eleitoral. Atacar a legitimidade das eleições é a tática corriqueira de todo populista para reafirmar que perdeu injustamente a eleição. Trump até hoje acha que as eleições americanas foram fraudadas, mas os seus ataques ao sistema eleitoral ficaram apenas nas palavras. Jamais teria o respaldo das Forças Armadas para sublevar a ordem institucional. No Brasil, nós também tínhamos essa certeza até o último ato do general Braga Netto. Agora já surgem dúvidas no horizonte.
Segundo, ao convidar Nogueira para ocupar a Casa Civil, Bolsonaro traz o Centrão para o epicentro do governo. O objetivo principal é bloquear as tentativas de impeachment que começaram a rondar o Congresso. As pesquisas de opinião pública revelam que a maioria da população já é favorável ao impeachment, e o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), não descartou a possibilidade de colocar em votação um dos mais de cem pedidos de impeachment que estão na gaveta da Mesa Diretora.
Esses dois sinais retratam o prenúncio de uma travessia tumultuada até a eleição de 2022. De um lado teremos um governo nas mãos do Centrão e refém das pautas corporativistas. Do outro, um presidente atacando a legitimidade das eleições.
Nesse momento da nossa democracia, caberá um papel importante à sociedade civil, à imprensa e às instituições em zelar pela defesa da Constituição e dos pilares da democracia. Também competirá aos partidos políticos apresentar um candidato capaz de vencer Lula e Bolsonaro nas urnas em 2022.
Se preferir, escute na voz de Luiz Felipe D’Avila:
Luiz Felipe,
Sugiro fazer uma matéria concreta s/o maior ladrao da história, segundo o Google, pela destruição da justiça brasileira de várias instâncias, sendo atropelada pela última instância, fora da constituição.
O STF atropelando regras do processo judicial de atuar só como última instância, agindo como partido político no assunto das urnas auditáveis, para maior confiabilidade e transparência ao sistema eleitoral!
Infelizmente,a terceira via corresponde a passar por cima dos egos e interesses que caracterizam os chamados partidos politicos brasileiros.Que nem partidos são,pois para tal deveriam defender em seus curriculos visoes diversificadas,propostas proprias quanto ao futuro politico do pais.Sem estas condiçoes tornam´se apenas conglomerados de interesses,muitas vezes pessoais e financeiros onde o egoismo prevalece.Certamente vao aparecer varios candidatos paroquiais,sem nenhuma chance a nao ser acabar por ajudar um dos dois populistas que lá já estao.Vergonha!