A preservação da governabilidade do País demandará um esforço constante do Congresso e do Supremo para desarmar as bombas criadas pelo Presidente da República a fim de agradar os 20% de eleitores que o apoiam
Artigo de Luiz Felipe d’Ávila, publisher do Virtù News
Enquanto Jair Bolsonaro instiga a população a se armar, as instituições usam o poder dos freios e contrapesos para desarmar as bombas do presidente.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, arquivou o pedido de impedimento do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A ausência de embasamento jurídico da petição do Presidente da República revela que o seu real intuito não era remover Alexandre de Moraes, mas mostrar aos seus seguidores que ele está tentando afastar aqueles que não o deixam governar.
Por falar no STF, a Corte aprovou por oito votos a dois a independência do Banco Central. Trata-se de uma medida essencial para desvencilhar a gestão da política monetária das pressões políticas e do Poder Executivo. A autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso, mas, quando o presidente Bolsonaro compreendeu as limitações que a medida representaria o seu poder, ele pensou em recuar da sua decisão de promulgar a nova legislação. Felizmente, com a decisão do Supremo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não depende mais da vontade de Bolsonaro para dar um norte à política monetária. A decisão acalmou o mercado e investidores, que estavam preocupados com a pressão do governo sobre o BC em ano eleitoral.
Esses exemplos demonstram que a preservação da governabilidade do País demandará um esforço constante do Congresso e do Supremo para desarmar as bombas criadas pelo Presidente da República a fim de agradar os 20% de eleitores que o apoiam. Trata-se de um jogo perigoso, que pode desencadear uma crise institucional sem precedentes desde a redemocratização, em 1985.
Bolsonaro parece alheio aos reais desejos do brasileiros, que são emprego, comida e renda, mas esses desejos só podem ser realizados se o governo for capaz de assegurar a paz interna, a ordem e o crescimento econômico. Até o momento, o governo só foi capaz de criar confusão, turbulência política e estagnação econômica.
Se preferir, ouça na voz de Luiz Felipe d’Ávila, o publisher do Virtù News: