Em vez de aprovar reformas e enfrentar prioridades como o combate à pandemia e ao desemprego, nossos governantes tumultuam o cenário criando novos problemas — entre eles, a aprovação de um fundo eleitoral de quase R$ 6 bilhões
Artigo de Luiz Felipe d’Ávila, publisher do Virtù News
Enquanto o Brasil tem problemas urgentes para resolver neste momento, como enfrentar a pandemia, vacinar a população e encarar a inflação mais alta dos últimos 25 anos (e que vem corroendo o salário do trabalhador), os nossos governantes tumultuam o cenário criando novos problemas. O Congresso Nacional aprovou a toque de caixa um aumento de 185% do fundo eleitoral. Isso significa que os partidos políticos poderão gastar quase R$ 6 bilhões nas eleições do próximo ano.
De acordo com o estudo do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o IMPA, esse valor coloca o Brasil no primeiro lugar do ranking mundial dos países que mais gastam dinheiro público em campanha. Trata-se de uma vergonha para uma nação que tem prioridades urgentes, entre elas tirar 25 milhões de brasileiros da miséria e promover programas de requalificação profissional para proteger 15 milhões milhões de brasileiros desempregados.
Além de aumentar o dinheiro do fundo eleitoral, o Congresso cogita mudar as regras do jogo para as próximas eleições. Uma das propostas é criar o “distritão”, um modelo desastroso, que não é utilizado por nenhuma democracia séria do mundo. E que enfraquece os partidos e beneficia a eleição de candidatos que podem ser reis ou rainhas de popularidade, mas sem ter necessariamente nenhum vínculo com as regiões do estado.
Em outras palavras, o “distritão” prefere que se vote em “Tiriricas” no lugar de deputados que representam as diversas cidades do interior do estado e setores como o agronegócio, a indústria e o comércio.
Esse é o triste retrato de um país à deriva, que não tem noção das prioridades da nação e age de maneira oportunista para atender apenas aos interesses casuísticos dos partidos e do Congresso. O foco de prioridades deveria ser a aprovação das reformas estruturantes do Estado, entre elas a reforma administrativa, a reforma tributária, o combate aos privilégios e a criação de regras estáveis para oferecer segurança jurídica e respeito aos contratos para os investidores privados que desejam investir no País e ajudar o Brasil a retomar o crescimento sustentável da economia.
Se preferir, escute na voz de Luiz Felipe D’Avila: