Feita por eleitores do Partido Democrata de 14 estados norte-americanos, a escolha tem enormes implicações para os Estados Unidos e para o mundo. Os candidatos são Bernie Sanders, Joe Biden e Michael Bloomberg. Virtú News apresenta o perfil político de cada um.
Hoje é um dos dias mais importantes do calendário eleitoral americano. O partido Democrata realiza a “Super Terça”. Em quatorze estados, os eleitores do partido Democrata escolherão o seu candidato a Presidência da República. Os três favoritos são Bernie Sanders, senador pelo estado de Vermont, Joe Biden, ex-vice presidente dos Estados Unidos e Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York. A escolha terá enormes implicações para os Estados Unidos e para o mundo.
Bernie Sanders
Se Trump representa o populismo de direita, Sanders é o populista de esquerda. Seria uma escolha desastrosa. Seu discurso contra ricos, Wall Street e os males do capitalismo relembram velhos clichês socialistas em voga nos séculos 19 e 20. Sua solução para livrar o país dos plutocratas compreende um receituário ultrapassado e perigoso: mais intervenção do Estado na economia, maior participação dos empregados na governança e decisões das empresas e aumento de impostos.
Se os Democratas optarem por Bernie Sanders, o partido cometerá suicídio político. Primeiro, seu discurso antiquado e inapropriado para os desafios do século 21 afugentará os eleitores independentes e moderados, o que colaborará para a reeleição de Trump. Segundo, o radicalismo de Sanders prejudicará a eleição dos parlamentares Democratas. Hoje, o partido tem a maioria das cadeiras na Câmara dos Deputados, mas há uma grande chance dos Democratas perderem essa maioria com um candidato como Sanders.
Não é por outra razão que ele é o adversário dos sonhos do presidente Trump. Bernie Sanders pode dar aos Republicanos a tão sonhada dupla vitória: manter Trump na Casa Branca e perder a maioria no Congresso.
Portanto, resta ao partido Democrata Joe Biden e Michael Bloomberg como candidatos competitivos para enfrentar Trump.
Michael Bloomberg
O ex-prefeito de Nova York representa tudo o que Bernie Sanders abomina: empreendedor de sucesso e um dos homens mais ricos dos Estados Unidos; moderação e pragmatismo na política; foco em resolução de problemas ao invés de discursos populistas e criação de bodes expiatórios para justificar as mazelas da nação.
Bloomberg tem dois trunfos importantes: moderação e dinheiro. O primeiro é fundamental para conquistar os eleitores independentes e Republicanos que não simpatizam com Trump e que gostam de Bloomberg – um ex-Republicano. Segundo, Bloomberg tem muito dinheiro. Trata-se de um fator determinante numa nação em que a campanha presidencial é a mais cara do mundo e os candidatos precisam gastar centenas de milhões de dólares em comunicação e mobilização das redes sociais para conquistar votos.
Sua desvantagem, entretanto, é que por ser excessivamente independente (financeiramente e politicamente) não conta com a simpatia da maioria dos militantes Democratas que votam nas primárias e preferem apoiar um candidato que tenha história com o partido. Joe Biden é o favorito nesse quesito.
Joe Biden
Biden tem uma longa história no Partido Democrata. Foi Senador pelo Estado de Delaware de 1973 a 2009 e ocupou os dois cargos de maior prestígio no Senado; presidente da Comissão do Judiciário do Senado e presidente da Comissão das Relações Exteriores. Biden deixou o Senado em 2009 para se tornar vice-presidente de Barack Obama. Ele também conta com um dos trunfos de Bloomberg; a moderação e o pragmatismo político; atributos que o fazem ser uma opção viável de candidato para os eleitores independentes e até mesmo para alguns Republicanos que não simpatizam com Trump.
Biden tem um handicap importante. Seu filho, um lobista em Washington, fez parte do Conselho de Administração de uma empresa de energia da Ucrania, gerando suspeita de fora escolhido para o cargo como forma de agradecimento pelo apoio que Joe Biden – como vice-presidente dos Estados Unidos – havia dado ao país em 2004, quando a Rússia invadiu a Ucrânia.
Bloomberg e Biden são os dois únicos candidatos Democratas capazes de vencer Trump nas eleições em outubro. Mas a decisão de o partido Democrata ter um candidato competitivo depende dos seus militantes. Se os militantes Democratas optarem por um deles na Super Terça, o partido tem chance de voltar a Casa Branca e sepultar o pesadelo populista que minou a reputação, a confiança e a liderança dos Estados Unidos no mundo.