Guedes trata das medidas concretas para sanar a economia brasileira, estancar o crescimento do gasto público e assegurar a retomada do crescimento da economia em 2020 e 2021.
O ministro Paulo Guedes causou uma ótima impressão no Fórum Econômico de Davos. Num evento marcado por discussões mornas sobre temas secundários e pautado pelos entediantes clichês do politicamente correto, o ministro Paulo Guedes diferenciou-se da manada de Davos. Apresentou um diagnóstico preciso sobre o efeito nefasto de políticas irresponsáveis ao longo dos anos que comprometeram o desempenho da economia brasileira e dissertou sobre medidas concretas que o governo vem tomando para sanar a economia, estancar o crescimento do gasto público e assegurar a retomada do crescimento da economia.
A agenda de medidas prioritárias do ministro somada à recuperação cíclica da economia vai garantir a retoma do crescimento em 2020 e 2021. Daí, o otimismo do mercado com o cenário de curto prazo. Mas manter o foco apenas no curto prazo e menosprezar os desafios de longo prazo do País significa perpetuar as ilusões que nos condenam ao voo de galinha: pequenos espasmos de euforia com o crescimento, seguido de longos períodos de estagnação econômica.
Gargalos estruturais da nossa economia
Para colocar o país na rota do crescimento sustentável, temos de continuar a enfrentar os gargalos estruturais que vêm estrangulando a economia: baixa produtividade da mão de obra; economia fechada e distante das cadeias globais de produção e de inovação; participação medíocre do Brasil no comércio internacional; baixo nível do investimento público; insegurança jurídica produzida por uma nefasta combinação de normas e regras complexas, somada ao voluntarismo dos membros do Judiciário que permeia as decisões da primeira instância às decisões monocráticas dos membros do Supremo Tribunal Federal; e, por fim, a existência de uma mentalidade tacanha das classes improdutivas (burocracia e política) que acredita que a defesa do interesse do povo consiste em criar barreiras para conter a ambição dos empreendedores e investidores e aprovar regras e leis para cercear o pleno funcionamento da economia de mercado.
Não baixar guarda e continuar a luta
Evidentemente, não se pode esperar que o ministro Paulo Guedes faça milagre e derrube todos esses entraves nos próximos três anos. Temos uma longa tradição cultural de paixão pelo subdesenvolvimento que não acaba do dia para a noite. Suas marcas estão arraigadas nas crenças individuais e nas relações pessoais; nas lealdades políticas e nos interesses eleitorais; no comportamento do eleitor e na atitude dos seus representantes. Felizmente, há sinais promissores de mudança de cultura e de atitude que retratam sinais de intolerância com a perpetuação da cultura do subdesenvolvimento.
Por isso, temos de celebrar as conquistas da melhoria da economia, mas não podemos baixar a guarda da luta pelas reformas do Estado: aprovação da PEC Emergencial e das reformas administrativa e tributária; a batalha pela desburocratização de processos, simplificação de regras e descentralização do poder; dar continuidade a reforma política e ao combate à insegurança jurídica são medidas essenciais para nos livrarmos dos voos de galinha e das entranhas da cultura do subdsesenvolvimento.