Virtù entrevista o economista Paulo Tafner, diretor presidente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social. Tafner diz que a pandemia aprofundou a piora nos indicadores sociais, mas crê que poderá haver uma recuperação nos próximos anos se houver avanço na educação.
Especialista em temas de economia social, Paulo Tafner foi um dos principais consultores no projeto de reforma da previdência. Colaborou em diversos livros, entre eles “Reforma da previdência: por que o Brasil não pode esperar?”, escrito em conjunto com Pedro Nery.
Na conversa com o Virtù, Tafner diz que a pandemia atingiu o País no momento em que ocorreria uma retomada na economia. Agora o desemprego impacta com mais severidade as camadas mais desprotegidas da população. Por isso, será necessário amadurecer o debate sobre a reformulação dos programas sociais.
00:11 Efeitos da pandemia
03:53 Retomada e proteção de vulneráveis
11:41 Melhora gradual na educação
17:35 Qualidade do ensino e produtividade
Olhando adiante, contudo, o economista vê o futuro com um certo otimismo: faz uma paralelo com a década de 20 do século passado, quando o mundo teve uma fase de rápido crescimento e prosperidade depois também de uma pandemia, da gripe espanhola. “O Brasil, mesmo sem fazer grandes reformas, poderá ser arrastado pela conjuntura internacional”, afirma.
Com relação à mobilidade social, o ponto central será o investimento na qualidade da educação. Depois da universalização do ensino, chegou o momento de fazer com que as crianças aprendam de fato. Caso contrário, adverte: “Não serão trabalhadores competitivos no mercado global”.
Sem a melhoria do ensino, não será rompido o círculo da desigualdade social no País. Hoje, apenas 6 de cada 100 pessoas nascidas em famílias cujos pais não têm ensino médio conseguem chegar à universidade. Se os pais têm ensino médio, a chance sobe para 70%.
Tafner afirma que o País precisa aprender as lições de governos que têm conseguido resultados positivos na educação. “Temos experiências bem sucedidas em todo o Brasil. Então é possível fazer. Precisamos voltar as atenções para a formação dos professores e avaliar se está sendo bom para as crianças”, diz.
O engajamento dos profissionais e dos pais no acompanhamento do aprendizado contribui para melhorar os resultados. Vê também como prioritário aprimorar a didática dos professores e fazer com que eles superem a cultura de aversão a avaliações.
Afirma Tafner: “Não é mais possível o Brasil crescer e sobreviver sem acumulação de capital humano, porque disso depende o aumento da produtividade na economia”.