O que isso significa para o brasileiro? Duas más notícias. Primeiro, o aumento da conta de luz. Segundo, o risco de um apagão caso a economia cresça mais rapidamente.
Artigo de Luiz Felipe d’Avila, publisher do Virtù News
O Brasil vive crises de energia há mais de vinte anos. Apagão, blecaute e conta de luz alta — aliás, uma das mais caras do mundo — retratam um problema recorrente que atormenta a vida do brasileiro, pesa no bolso do consumidor, encarece produtos e serviços e limita o crescimento econômico.
Como a matriz energética do país é predominantemente hidrelétrica (quase 70%), governos populistas culpam São Pedro pelas nossas mazelas. No momento, atravessamos a pior crise hídrica dos últimos noventa anos, mas a culpa não é de São Pedro, é de governos incompetentes e de políticas populistas que se esquivam da responsabilidade de adaptar a matriz energética brasileira aos novos tempos.
Há mais de 20 anos o regime de chuvas vem mudando. Mas a tecnologia vem colaborando para criar novas fontes de energia, como eólica, solar, biomassa e nuclear. Além de água, temos abundância de sol, vento na costa do Nordeste, biomassa no Centro-oeste e no Sudeste, gás natural. Com esse arsenal variado de fontes de energia, o Brasil deveria ter uma política de estado para criar novas termelétricas a fim de reduzir nossa dependência energética do regime de chuvas.
Mas entre o planejamento de longo prazo e o bom senso há sempre uma pedra no caminho do Brasil. Essa pedra é o populismo. No governo Lula tivemos o ambiental. Marina Silva, que era ministra do Meio Ambiente, vetou a construção de grandes reservatórios para suprir água para novas hidrelétricas, como Jirau e Santo Antônio. O resultado foi um desastre. Como não há reservatório para armazenar água, essas usinas só geram energia a fio d’água, isto é, quando chove.
É como se você construísse uma casa e não construísse caixa d’água. Ademais, o governo Dilma criou o populismo tarifário, com uma canetada, reduziu a conta de luz em 20% e deixou dois problemas gigantescos. Primeiro, um rombo de mais de R$ 110 bilhões, que foi pago pelo consumidor assim que Dilma deixou o poder. Em seguida, a política energética de Dilma acabou secando os reservatórios brasileiros. O Brasil nunca mais recuperou o nível de segurança dos seus reservatórios. Portanto, parte da crise energética de hoje deve-se à política desastrosa de Dilma.
Já no governo Bolsonaro, temos a política populista irresponsável. Bolsonaro herdou, é verdade, o nível baixo dos reservatórios, mas no último verão não choveu como esperado. O governo deveria ter subido o preço da energia já em abril, mas não o fez. Conclusão: as represas estão com apenas 30% de sua capacidade e podem chegar a 7% em novembro.
O que isso significa para o brasileiro? Duas más notícias. Primeiro, o aumento da conta de luz. Manter todas as termelétricas ligadas o ano inteiro custa caro. Nós vamos pagar essa conta. Segundo, o limite ao crescimento da economia. Se a economia avançar ao redor de 5%, que seria uma ótima notícia, o país corre o risco de um apagão.
Portanto, as crises recorrentes de energia retratam a falta de planejamento de longo prazo, que é sempre comprometido pelo populismo de curto prazo. Mas em 2022 temos a oportunidade de remover os populistas do poder por meio do voto.
Se preferir, ouça na voz de Luiz Felipe D’Avila:
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