Sociedade civil, governo e empreendedores devem ser protagonistas das transformações necessárias para tornar o Brasil o Estado que desejamos pós-crise: menos desigual, eficiente, seguro a investidores e competitivo no mercado internacional. É preciso soltar as amarras do Estado extrativista e ineficiente. O Brasil continuará campeão mundial de desigualdade social e afundado no atoleiro da estagnação econômica não se libertar das amarras que fazem do País uma das economias mais fechadas e protecionistas do mundo.
A grande questão que vamos ter de responder como nação é: “Que tipo de Estado queremos no pós-crise?”
O gráfico abaixo revela o Estado que escolhemos: trata-se do “Estado extrativista”; aquele que drena quase 40% do PIB do setor produtivo para pagar as contas do setor improdutivo, cria barreiras protecionistas e uma das economias mais fechadas do mundo para beneficiar uma elite que vive às custas do Estado.
Acemoglu e Robinson, professores de Harvard e do Massachussetts Institute of Technology (MIT) e autores do livro “Por Que as Nações Fracassam” explicam numa linha o fracasso do Estado brasileiro. Um “Estado extrativista” empobrece a nação e impede o crescimento econômico. Se insistirmos na preservação do Estado extrativista, vamos continuar atolados na miséria, na desigualdade social e no baixo crescimento econômico.
O Estado extrativista brasileiro
Nossa história é marcada pela saga de um Estado que sufoca o empreendedorismo, cria feudos de privilégios para beneficiar interesses setoriais e o corporativismo estatal, edifica muralhas protecionistas para barrar a concorrência externa e prejudica os reais empreendedores – aqueles que lutam no mercado sem ajuda do governo ou subsídio estatal.
Essa trajetória desastrosa do Estado brasileiro empobreceu a nação, criou o maior contingente de desempregados da história do País, aumentou a desigualdade de renda e afugentou os investidores. Sim: no Brasil, o Estado colabora para o aumento da desigualdade social ao criar uma casta de funcionários públicos privilegiados, empresários e profissionais liberais viciados em benefícios e subsídios do governo. O Estado financia os privilégios do setor público e do setor privado taxando os empreendedores, os trabalhadores e os cidadãos mais pobres.
O resultado é esse Estado que pune o setor produtivo, diminui a competitividade do mercado e beneficia o setor improdutivo – o corporativismo público e privado.
Em 1970, a renda per capita da Coréia do Sul era um terço da renda do Brasil; hoje ela é três vezes maior. A principal diferença entre a Coreia do Sul e Brasil é o papel do Estado. No país asiático, o Estado é pró-mercado, incentiva os empresários a inovar, exportar e tornarem-se competitivos nos mercados globais.
No Brasil, o Estado considera o capitalismo um mal necessário, cria dificuldades burocráticas, regulatórias e tributárias que desencorajam o empreendedorismo, limita a competição e transforma os empresários em dependentes dos favores do Estado. Nos tornamos uma das economias mais fechadas e protecionistas do mundo. Somos a oitava economia do mundo, mas exportamos menos que a pequena ilha de Taiwan.
A retomada do crescimento econômico, da geração de emprego e da volta do investimento dependem da pressão da sociedade civil, do comprometimento do Congresso com a aprovação das reformas e do Judiciário em livrar o País em dar celeridade ao cumprimento das leis e assegurar a segurança jurídica aos empreendedores, trabalhadores e investidores. Se o país não se desvencilhar das amarras do Estado ineficiente, intervencionista e anti-mercado, o Brasil continuará afundado no atoleiro da estagnação econômica e da taxa recorde de desemprego e de campeão mundial de desigualdade social.