Os dois estados são também os melhores no novo Ranking ESG, uma iniciativa do Centro de Liderança Pública inédita no País. Estados da região amazônica aparecem nas últimas posições no Ranking da Sustentabilidade
São Paulo em primeiro lugar e Santa Catarina em segundo. Assim como no ano passado, os dois estados se mantiveram no topo da classificação do Ranking de Competitividade dos Estados.
É a décima edição do estudo, elaborado pelo Centro de Liderança Pública — CLP com a parceria técnica da Tendências Consultoria e da Seall. Os 26 estados e o Distrito Federal foram avaliados no total 86 indicadores (13 a mais do que no ano anterior), distribuídos em dez pilares temáticos: infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação. Todas essas são áreas consideradas essenciais para avaliar a capacidade da gestão pública e o potencial competitivo dos estados.
No que se refere à sustentabilidade ambiental, a análise passou a avaliar indicadores como desmatamento e recuperação de áreas degradadas. No pilar social, entraram agora no levantamento os índices de cobertura vacinal, obesidade da população e desnutrição infantil.
A grande novidade do ranking de 2021 é que traz, pela primeira vez no País, uma avaliação dos governos a partir da adequação aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU assim como aos critérios ESG chancelados pela União Europeia.
O ranking oferece comparativos entre os entes federativos em todos os pilares e índices listados. Dessa maneira, procura contribuir para identificar os retardatários, avaliar os casos de sucesso e disseminar as melhores práticas. “Um governo competitivo é aquele que usa indicadores e metodologias para planejar, priorizar e executar políticas públicas sustentáveis, sobretudo como o novo recorte com os dados sobre ESG e ODS”, afirma Tadeu de Barros, diretor geral do CLP.
Os novos rankings serão apresentados hoje (quinta-feira, 30 de setembro), a partir das 9h. O evento poderá ser acompanhado pelo canal do YouTube do CLP e pela TV Estadão.
Destaques positivos e negativos
Pela sétima vez consecutiva, São Paulo ficou no topo da lista. Na sequência vieram Santa Catarina, Distrito Federal e o Paraná. Toda a parte superior do ranking é dominada pelos estados do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, evidenciando a disparidade regional, mesmo depois de tantos anos de políticas públicas e investimentos específicos para desenvolver o Nordeste e o Norte.
São Paulo se consolidou na liderança depois de ter avançado no critério de eficiência da máquina pública, além de ser o mais bem colocado em inovação, sustentabilidade ambiental e segurança. O estado tem algumas das principais universidades e centro de pesquisas do País, como o Instituto Butatan (foto acima), o que contribuiu para o desenvolvimento do capital humano e a atração de investimentos. São Paulo, contudo, tem perdido posições no pilar da solidez fiscal e está hoje na 18ª posição, entre todos os estados, no que diz respeito a esse critério.
Na região Norte, três dos sete estados perderam posições no comparativo de 2021: Amapá, Roraima e Pará. Amazonas, na posição número 11, ficou à frente de todos os estados do Nordeste. O Ceará, mais bem posicionado entre os nordestinos, aparece na 12ª posição.
No Centro-Oeste, região impulsionada pelo agronegócio, Goiás ganhou duas posições e agora aparece entre os dez primeiros. Mato Grosso avançou para o 7º lugar, e o Mato Grosso do Sul ficou em 6º.
No Nordeste, o Ceará continuou a ser o dono da maior nota, mas perdeu duas posições e não está mais entre os dez primeiros. Foi um impacto na piora nas finanças públicas e, principalmente, na segurança — nesse critério, o estado caiu para a 25ª posição. Na região, a pior nota é do Maranhão, que aparece na posição de número 23, a despeito da melhora em alguns indicadores.
Na região Sudeste, apenas um estado não está entre os dez primeiros: o Rio de Janeiro, na sequência de anos de crise política e econômica, despencou seis degraus e ficou em 17º. O Espírito Santo, campeão em solidez fiscal, foi o segundo mais bem-avaliado do Sudeste e ficou em 5º no ranking geral. Minas Gerais vai mal em capital humano e solidez fiscal. No Sul, o pior avaliado é o Rio Grande do Sul, que perdeu uma posição e ficou em 9º.
No quadro animado abaixo, é possível acompanhar a evolução das classificações ao longo dos últimos anos, desde 2015. Nesse período, os destaques positivos foram Alagoas, que subiu 14 posições e atualmente está em 15º lugar, e Amazonas, que subiu 6 degraus e agora aparece em 11º. Na contramão, Roraima caiu 11 posições (hoje está em 27º e último lugar) e o Rio de Janeiro perdeu 9 (atualmente, está em 17º).
Rankings ESG e ODS
Criado pelo CLP, o Ranking de Sustentabilidade dos Estados é uma adaptação do Ranking de Competitividade e leva em conta tantos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU como os parâmetros ESG da União Europeia. São Paulo teve a maior pontuação tanto pelos critérios ODS como ESG, seguido por Santa Catarina. A partir desse ranking, será possível avaliar, nos próximos anos, como os estados estão evoluindo nesses critérios — que, a cada dia, são mais valorizados pelos investidores internacionais.
Uma das conclusões que se pode tirar desses dois rankings é que alguns dos estados que estão nas piores posições possuem áreas da região amazônica. É um indicativo de que essas unidades da federação, que deveriam estar na vanguarda da sustentabilidade, estão hoje em uma situação preocupante. Trata-se do resultado da renda extremamente baixa da região, falta de educação, precariedade no saneamento.
Os novos rankings do CLP já nascem como ferramentas indispensáveis para avaliar os indicadores da sustentabilidade em todos estados — e contribuir para que a Amazônia encontre caminhos para superar as suas mazelas sociais, econômicas e ambientais.