O Café com CLP recebeu o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), uma das maiores lideranças políticas do País e possível candidato à Presidência. Na entrevista, o senador comentou os desdobramentos da CPI da Covid, traçou um cenário político para o próximo ano e falou sobre a bolsonarização das PMs
Com o derretimento de Jair Bolsonaro, o centro político possui diante de si uma avenida larga para ser aproveitada no próximo ano. Mas para quem um candidato centrista consiga chegar ao segundo turno não poderá haver uma fragmentação política com diversos nomes na disputa. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a palavra de ordem é “desprendimento”. E qual a principal característica deve carregar o nome escolhido para representar as forças de centro? “Capacidade de aglutinação”, responde.
Tasso participou, na tarde da segunda-feira (7 de junho), de mais uma edição do Café com CLP, promovido pelo Centro de Liderança Pública. A entrevista foi conduzida pelo cientista político Luiz Felipe d’Avila, presidente do CLP e publisher do VirtùNews.
“Tem uma avenida muito larga para o centro e ela se alarga cada vez mais”, afirmou o senador. Na avaliação do tucano, tendo como referência as pesquisas mais recentes, Lula possui grandes chances de estar no segundo turno. Será petista, portanto, que o futuro escolhido para unir as forças do centro deverá enfrentar na rodada final dos votos.
00:17 Candidatura de centro
03:17 Militares no governo
04:39 Perspectivas para as reformas
07:38 Candidatura de centro
10:02 Voto impresso e bolsonarização das PMs
Tasso tem sido um dos senadores mais atuantes na CPI da Covid, que investiga os crimes de responsabilidade cometidos durante a pandemia. De acordo com o senador, a comissão terá um efeito pedagógico e deverá resultar em um documento que será encaminhado para o Ministério Público. “Há evidências de que existem culpados sim pelo que aconteceu. Os dados estão sendo consolidados”, afirmou. Tasso espera que os culpados sejam processados e condenados pela Justiça, mas considera improvável que seja aberto um processo de impeachment.
O senador evidenciou ceticismo com relação ao encaminhamento, no atual governo, das reformas estruturantes. Lembrou que Bolsonaro é refém do Centrão, “que é o maior beneficiário desse sistema político”, e por isso não dará apoio a uma reforma política. Lógica semelhante vale para a reforma administrativa. “As corporações do funcionalismo são as mais fortes no Congresso, e Bolsonaro é corporativista por excelência”. Portanto, por mais que o ministro Paulo Guedes defenda essa reforma, ela muito provavelmente não será aprovada, nem mesmo a sua versão mais tímida, que não envolveria todos os poderes e só valeria para os novos servidores.
Bolsonaro, enfraquecido, deverá seguir um roteiro parecido ao de Donald Trump, caso seja derrotado nas eleições. Deverá questionar os resultados, por isso a sua insistência no voto impresso.
Outro foco de possível instabilidade está nas Polícias Militares, uma categoria que vem sendo cortejada pelo presidente. “As Polícias Militares se tornaram um centro de difusão do apoio a Bolsonaro”, afirmou Tasso. “É algo muito preocupante, ainda mais diante dos acontecimentos recentes nas Forças Armadas”.
O encontro com Tasso foi mais um da série de Café do CLP que está ouvindo as vozes do centro democrático. Já falaram Eduardo Leite, Luiz Henrique Mandetta, Sergio Moro, João Doria, Luciano Huck e João Amoêdo, além de Tasso.