Em um único dia o Brasil registrou mais de 1900 mortes vítimas da Covid-19 e 4,1% de queda do PIB. Esse é o resultado de um governo irresponsável, incapaz de proteger a população e sem competência para articular uma reforma estrutural e para aprovar uma agenda de retomada econômica para o País.
A queda de 4,1% do PIB em 2020 é fruto de um país à deriva, graças a um governo incompetente e irresponsável. Incompetente porque foi incapaz de avançar com as reformas do Estado – como administrativa e tributária – e com a aprovação dos projetos que poderiam diminuir a insegurança jurídica, atrair investimento privado e contribuir com a retomada da economia, do emprego e da renda.
O Centro de Liderança Pública, CLP, liderou um movimento cívico de mais de 20 instituições privadas em torno do Unidos pelo Brasil. O movimento elencou uma lista de projetos já em trâmite no Congresso que, se aprovados, fariam o PIB crescer 12% até 2024.
A incompetência política do governo em articular a aprovação da agenda do crescimento econômico provou ser um desastre: o PIB despencou 4,1% no ano passado e nenhuma reforma foi aprovada.
As privatizações não saíram do papel. O governo criou, ainda por cima, uma nova estatal, a NAV, para acomodar o corporativismo dos militares e da Infraero. Aliás, a primeira metade do governo Bolsonaro foi caracterizada pelo abandono da pauta liberal e o triunfo da pauta corporativista, do intervencionismo estatal e da absoluta incompetência política em avançar com a agenda reformista no Congresso.
Incompetência
A queda de 4,1% no PIB foi o maior tombo na atividade desde o confisco da poupança, em 1990, no governo Fernando Collor. O número certamente reflete o choque causado pela pandemia, mas Bolsonaro contribuiu, e muito, para sabotar o desempenho econômico e a perspectiva de retomada.
O setor mais atingido foi o de serviços, com queda de 4,5%, um reflexo das restrições ao comércio e outras atividades empresariais. A indústria encolheu 3,5%. A salvação da lavoura foi a agropecuária, mais uma vez, com um crescimento de 2%.
Para 2021, espera-se uma ligeira recuperação, mas os analistas econômicos vêm revisando para baixo as suas estimativas. O crescimento deverá ficar ao redor de 3%, insuficiente para recuperar as perdas anteriores. Nesse cenário, o desemprego permanece elevado e a taxa bateu recorde no final do ano passado: 14,6%.
Num indicador simbólico da perda de relevância brasileira no cenário internacional, o Brasil deixou de fazer parte do grupo das dez maiores economias do mundo. Caiu para a 12ª posição, de acordo com projeções da Austin Rating. Fomos ultrapassados, no último ano, por Canadá, Rússia e Coreia do Sul, num reflexo da queda na economia e da desvalorização do real. Até 2014, o País tinha o 7º maior PIB global.
Enquanto um maior número de países, sobretudo na Ásia, consegue ampliar as suas riquezas e reduzir a pobreza, o Brasil rumo na contramão. A população fica condenada a viver no desalento da falta de horizonte de avanço social e econômico.
Irresponsabilidade
Além da incompetência, outra característica marcante do governo Bolsonaro é a irresponsabilidade. Não há registro na história nacional de um presidente tão irresponsável em tempo de crise e de pandemia. Desde o início da Covid-19, Bolsonaro preferiu o negacionismo em vez do enfrentamento dos dados e fatos; ridicularizou medidas preventivas (como uso de máscaras e restrição de circulação de pessoas), menosprezou a importância da vacina e foi incapaz de unir esforços com os governadores para enfrentar os enormes problemas sanitários, sociais e econômicos da pandemia.
O resultado dessa tragédia anunciada está no recorde de número de mortes de vítimas da Covid-19, que será agravada por um governo incapaz de garantir vacina e insumos para imunizar a população.
Com quase 40 mil postos de vacinação espalhados pelo País, o Brasil poderia ter sido uma das nações mais preparadas para vacinar em massa a população e dar um exemplo para o mundo. Mas graças à irresponsabilidade e incompetência do governo, nos tornamos um caso internacional de colapso sanitário durante a pandemia.
No governo Biden
Nos EUA, o presidente Joe Biden acaba de antecipar de junho para maio a meta de vacinar, ao menos com a primeira dose, toda a população adulta. Aqui não há imunizantes assegurados nem mesmo para proteger os idosos. Nos EUA de Biden, a Câmara acabou de aprovar um plano econômico de US$ 1,9 trilhão e, muito provavelmente, o conjunto de iniciativas para amparar os mais pobres e estimular a retomada empresarial deverá também ser aprovado no Senado.
No Brasil de Jair Bolsonaro, faltam vacinas, as reformas não andam, não há definição sobre a renovação do auxílio emergencial e nem mesmo o Orçamento de 2021 foi aprovado.
Moral da história: enquanto as principais economias do mundo aceleram o processo de vacinação e imunização da população e adotam medidas duras para conter a pandemia e retomar a economia, o Brasil está afundado numa economia arrasada, num país desacreditado internacionalmente e numa pandemia que revela o absoluto descontrole do governo em lidar com a crise.