Apesar do apoio público e do Congresso, a reforma administrativa continua paralisada no governo. A trajetória política de Bolsonaro em defesa do corporativismo estatal falou mais alto do que a responsabilidade que o cargo de presidente da República lhe confere. A insegurança política e jurídica do País reflete a volatilidade das opiniões personalistas de juízes e as vontades pessoais dos governantes. Elas contribuem para abalar a confiança dos investidores no Brasil, retardam a retomada do crescimento econômico sustentável e dificultam a geração de empregos.
Um enigma ronda Brasília. Como uma reforma que tem o apoio maciço da população e o respaldo do Parlamento continua paralisada no governo?
Segundo uma pesquisa do Datafolha de 88% dos brasileiros apoiam a reforma administrativa. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reiterou publicamente a importância da reforma e disse que o Parlamento irá votá-la. O ministro Paulo Guedes afirmou que a proposta da reforma está pronta e aguarda apenas o sinal verde de Bolsonaro para envia-la ao Congresso. Mas o sinal não veio.
O presidente fraquejou na hora da batalha. Sua longa trajetória política em defesa do corporativismo estatal falou mais alto do que a responsabilidade que o cargo de presidente da República lhe confere.
As reformas são deveres Estado
O País continua a viver à mercê dos humores dos seus governantes. A insegurança política e jurídica do País reflete a volatilidade das opiniões personalistas de juízes e as vontades pessoais dos governantes. Elas contribuem para abalar a confiança dos investidores no Brasil, retardam a retomada do crescimento econômico sustentável e dificultam a geração de empregos. Elas refletem a ausência de senso de dever público; a capacidade de discernir a diferença entre pautas políticas e questões de Estado.
As reformas administrativa e tributária não são plataformas políticas para ganhar votos ou satisfazer as vontades partidárias. São deveres de Estado e obrigações morais com o país e com as próximas gerações. São atribuições que precisam ser honradas por aqueles que ocupam os principais cargos públicos do País.
A maioria da população aprova as reformas do Estado
O povo deixou claro na sua escolha nas urnas, nas suas manifestações populares que são favoráveis às reformas do Estado. A pesquisa do Datafolha mostra o apoio da maioria da população porque ela é a principal vítima da má qualidade do serviço público. Ela sofre diariamente com o péssimo atendimento em órgãos públicos e com a morosidade da burocracia. 72% dos entrevistados acreditam que bons funcionários públicos podem melhorar a vida das pessoas.
A percepção da população está correta. Bons servidores são essenciais para garantir a prestação de serviço público de qualidade e para dar estabilidade e continuidade a implementação de políticas públicas.
O maior entrave à aprovação das reformas de Estado não é a política ou a economia, mas a verborragia insensata do presidente da República e dos seus ministros. Para o bem do Brasil, o Poder Executivo deveria impor um período de silêncio aos seus membros por 90 dias e trabalhar pela aprovação das reformas. Será um bom teste para eliminar a principal fonte de instabilidade política do País.