O Centro Democrático foi criado para assegurar os votos das reformas do Estado e formar um bloco majoritário no Congresso.
A criação de um bloco partidário para ocupar o centro político é bem-vinda. No Brasil da polarização política, é preciso pragmatismo e moderação para conduzir as reformas do Estado. No país onde o presidente da República e a esquerda petista travam uma guerra santa para mobilizar os seus militantes, é necessário ter um poder moderador para aplainar conflitos e tecer entendimentos políticos para transformar propostas em votos.
Centro Democrático X Centrão
O Centro Democrático difere em espírito e propósito do antigo “Centrão”. O primeiro foi criado para assegurar os votos das reformas do Estado e formar um bloco majoritário no Congresso no momento em que o governo provou sua inépcia política para construir maiorias no Parlamento. Já o “Centrão” foi concebido como um bloco fisiologista para extrair verbas, favores, cargos e ministérios do governo em troca de votos no Congresso.
Evidentemente, existe o risco do Centro Democrático se tornar o Centrão e cair na tentação de apoiar as velhas demandas corporativistas. Mas Rodrigo Maia e os principais líderes dos partidos de Centro sabem que se sucumbirem ao fisiologismo, cometerão um verdadeiro suicídio político e eleitoral.
Vitórias no Congresso são ativos políticos
A força política do Centro Democrático depende de sua capacidade de aprovar as reformas e as medidas modernizadoras do Estado. O crédito de suas vitórias no Congresso vai se transformar no seu maior ativo político. Se for exitoso, poderá exercer um papel primordial como fiel da balança na eleição presidencial em 2022.
O novo bloco de Centro é liderado pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vem demonstrando extraordinária habilidade política para construir consenso e aparar resistências no Congresso. O resultado concreto de sua atuação pode se resumir na aprovação das reformas trabalhista e previdenciária.
Pela continuidade das reformas
Maia e os partidários do Centro apostam que a maioria dos brasileiros almeja regras previsíveis e a continuidade das reformas do Estado para restabelecer a confiança no país e estimular a retomada do investimento e da geração de emprego.
No governo errático de Bolsonaro – onde propostas são anunciadas e depois derrubadas com uma velocidade impressionante – os representantes do setor produtivo já aprenderam que é mais confiável conversar com Rodrigo Maia e as principais lideranças do Congresso do que procurar os ministros e o presidente da República para entender as reais chances e dificuldades de se aprovar as principais reformas.
No momento, o Centro Democrático se apresenta como uma boa iniciativa para garantir o entendimento político, a moderação das propostas e os votos necessários para o país não descarrilhar nos extremos da esquerda e da direita.